quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Réstias

Não sei até que ponto os caminhos agrupam
ou sedimentam.

Luz dissipada
decepada
a lanterna pulsa em piscos
cacofônicos.

Eu com minhas fendas
tento recobrar
as horas
e atravessam-me
de um canto para outro
como se desloca uma indefinição
uma opacidade.


Lia Álvares de Azevedo
e o resto da turma ainda brincava de bola.
Tenho meus calos guardados
e sempre tenho um pouco de pus,
para não pensar que não existem feridas.

O espelho é o orgulho que manca
rindo da sombra que despreza.

Medalhas de vapor não me servem,
o líquido vital
não é transparente nem salgado.

O cerne é vermelho. Quente e Frio.
Eu sou o que quero ser.

Junto folhas de árvore numa
mania besta e antiga.
Acho graça.

Tenho calos;
encaliço todos os dias,
não reclamo disso não. Gosto.
Quem quer sombra ara a terra,
planta e afaga com zelo e afeição
o objeto de sua futura alegria.

O Dramaturgo Alemão dizia no poema
“Dias da Comuna", ainda lido enquanto o resto da manada
jogava bola, ou arranjava outras coisas fáceis de fazer para rir
sem sentido ou mesmo direção, mas o poema era assim:

"Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram

Suas leis, para nos escravizarem.

As leis não mais serão respeitadas

Considerando que não queremos mais ser escravos.

Considerando que os senhores nos ameaçam

Com fuzis e com canhões

Nós decidimos: de agora em diante

Temeremos mais a miséria do que a morte. "
(Brecht, tradução de Fernando Peixoto)

Desculpem pela falta de citação.
Não sou tão bom, não é?!
Mesmo assim, não mordo minha voz nem escondo
o que devia.

Fazer in satis faction.
Citação Latina que inventei agora.
Igualmente válido como;
não sei o que os vermes me dirão no espelho.

Amontoam-se
pilhas de palavras pelos
cantos
de folha e bueiros da cidade.

Os olhos não estão bem,
e me julgam por isso e por isto...
Não sei como vai meu canídeo
nem sei das enfermidades que carrego.

Falta leitura
e tinta e desenho e foto e discos.
Falta conversa.
Falta converso.

Réstias;
É por isto que pessoas falam sozinhas.

Réstias de chiaroscuro.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

II ManiFesta! Festival das Artes!


http://www.manifestafestival.art.br/



Situação-Experiência-Entre-Cada-Palavra-Deste-Poema

Instalação/Espaço Performativo/Performance/Fotografia
das 21:30 às 22:00 hs.

Onde?

Centro Cultural Dragão do Mar - vide link!
Fortaleza - Ceará!

Rafael Carvalho

...hummm

http://br.noticias.yahoo.com/judeu-ortodoxo-teria-sido-esfaqueado-palestino-jerusal%C3%A9m-152405297.html


APENAS O FIM DO ESTADO DE ISRAEL E POR UMA PALESTINA LIVRE!
TENHO DITO.

VAI ME PROCESSAR?!
MANDA UM EMAIL ANTES!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Coletivo Pseudônimo

Intervenção em obra pública no Lago Jacarey.

O que fazer numa sexta à noite? Pode ser uma pergunta bem freqüente na vida de muita gente... E em meio a este questionamento, o Coletivo Pseudônimo realizou sua primeira proposta no Lago Jacarey.

Com a proposta de ocupação passageira dos tapumes que cercavam a obra. Desvirtuando-a assim de seu papel de apartar, distanciar e até segregar. A parte externa dos tapumes serviu como suporte e ofertou a possibilidade de interação entre as pessoas que transitavam pela praça – pessoas de várias idades, credos e trajetos -, fazendo assim do tapume um processo coletivo, e dentro disso, um ambiente aberto ao diálogo e o entrelaçamento de pessoas que até então não se falariam na praça em questão. Além de desfazer a ideia de espectador criando um espaço – mesmo que efêmero – de protagonismo do sujeito.

Pequenos bilhetes foram distribuídos anunciando uma “exposição relâmpago nos tapumes”, enquanto fotos eram fixadas nos mesmos. Primeiro contato visual dos transeuntes com a ação. Depois disso, a interação acontece de forma espontânea; perguntas como “o que vai acontecer”, “o que é isso?” começam a surgir. Com todas as fotos fixadas, diz-se que àquela ação é uma exposição onde a interação do público é bem vinda e necessária para que se concretize. E que ao final do processo, qualquer pessoa pode escolher a foto que gostar e levar para casa gratuitamente.

Em seguida, um convite foi pintado “Faça aqui o seu desenho”, e um recipiente foi parafusado no tapume contendo giz, livre para o uso; desenhar, escrever, levar para casa... Além de tinta e pinceis que foram utilizados coletivamente.

O término da ação deu-se quando nenhuma foto restava e não sobrava mais nenhum giz ou tinta.


***


O Coletivo Pseudônimo agradece aos Participantes da ação-proposta.

EXTRAÍDO DE:

coletivopseudonimo.blogspot.com

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

ROCK SEM EDITAL



postagem de n° 200

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

flickr

http://www.flickr.com/photos/descarvalhando/

Vomitaria tudo outra vez!

Alimentai com sangue e ódio o teu coração
pois o suor e o sono já tomaram o teu corpo
depois da labuta,
depois do terror que o teu patrão
te impõe com a migalha mensal...
o pouco dinheiro não é o problema
o problema é o dinheiro
o capitalismo que te espanca
com leis que asseguram que
o patrão te esfomeie
e que a polícia cuspa em sua cara
e esmague sua voz com cassetetes
e spray de pimenta
se você reclama da carestia do feijão
ou da escola sem professor, sem livro,
sem comida sem água e o pior sem futuro!
Novos dias são urgentes
“em tempos tão feios
a beleza é uma forma de protesto!
e o protesto é uma forma de beleza!”
nós a tudo construímos com suor e sangue.
Este mundo é nosso e o tomaremos das mãos
de quem nos oferta medo e violência!
Não esperaremos mais nada nem ninguém!
Se um Negro é morto a televisão o oferta a alcunha de bandido.
Se um Homossexual é espancado, a sua mídia o transforma
em agressor, pois, ele anda com roupas que ferem a “moral e os bons costumes...”
É você mesmo que não no fim do mês, mas, no fim das contas,
nada faz para que a mudança ocorra,
pois,
onde você estava quando nas ruas os
cães de guarda
do Estado Capitalista nos espreitavam?
Onde você estava quando o
BATALHÃO DE CHOQUE NOS ESPANCOU
Na Assembléia Legislativa do Ceará?!
Rezando?
Numa Vigília?
Numa conversa Diletante na internet?
É SUA OMISSÃO QUE PERMITE QUE TUDO ISSO SEJA DESTA MANEIRA
E NÃO DE OUTRA.
Alimentai com sangue e ódio o teu coração
o tempo dos poetas babosos findou há séculos!
Tomai as rédeas da tua própria vida!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O século xxi me dará razão ( se tudo não explodir antes )

O século xxi me dará razão, por abandonar na linguagem & na
ação a civilização cristã oriental & ocidental com sua tecnologia de
extermínio & ferro-velho, seus computadores de controle, sua
moral, seus poetas babosos, seu câncer que-ninguém-descobre-a-causa,
seus foguetes nucleares caralhudos, sua explosão demográfica, seus
legumes envenenados, seu sindicato policial do crime, seus ministros
gâgnsteres, seus gângsteres ministros, seus partidos de esquerda
fascistas, suas mulheres navios-escola, suas fardas vitoriosas, seus
cassetetes eletônicos, sua gripe espanhola, sua ordem unida,
sua epiderme suicida, seus literatos sedentários, seus leões-de-chácara
da cultura, seus pró-Cuba, anti-Cuba, seus capachos do PC, seus
bidês de direita, seus cérebros de água choca, suas mumunhas
sempiternas, suas xícaras de chá, seus manuais de estética, sua aldeia
global, seu rebanho-que-saca, suas gaiolas, seus jardizinhos com
vidro fumê, seus sonhos paralíticos de televisão, suas cocotas, seus
rios cheios de lata de sardinha, suas preces, suas panquecas recheadas
com desgosto, suas últimas esperanças, suas tripas, seu luar de agosto,
seus chatos, suas cidades embalsamadas, sua tristeza, seus cretinos
sorridentes, sua lepra, sua jaula, sua estricnina, seus mares de lama,
seus mananciais de desespero.

Roberto Piva
fevereiro 1984
Hora Cósmica do Búfalo

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mini-Amor!

http://microsites.lomography.com/dianamini/

Palavra armada com pólvora amor sexo amargura e outras drogas definem - ou quase - este filho de Dionísio.




Crédito: se algum alguém souber, comente. Grato desde já.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Paisagem por telefone

E numa viagem dessas...
no chegar ouço ao telefone
a voz que mais sossega meu
peito dizendo;

- E aí é bonito meu filho?!
- É sim, Mãe, aqui é muito bonito...

MMX

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nota

Arte-Educador reclama
que Pedagogo
toma a vaga que é sua,
mas,
na hora de
CREAR
isso mesmo,
vá ao dicionário,
AGERE
o tal verbo latino
cospe em português
como
ARTE.
THEORIA
nada mais é que visão
e assim vejo
colegas de estudo
que serão inimigos futuros
não apenas por falta de THEORIA
mas por reproduzirem um discurso
infame
e que nem ao menos se importam
com a EDUCAÇÃO
pois no fim,
falarão como falam uns DOUTORES;
história morreu
classe não existe
questão de gênero???
PRAXIS?!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A poesia?

De nada serve
quando bela e cheirosa
metrificada
controlada e
embasbacada por sorrisos
falhos e mancos
e distribuídos por patéticos
seres opacos e amorfos
e de sexo contido
e restringido pelos pais e párocos.
De nada serve o voo de um pássaro
e um girasssssssssssol
aberto e exposto
e uma melodia harmoniosa
de uma banda que toca num coreto qualquer.
De nada serve a comedida palavra
de espanto ao ver no noticiário
expondo uma criança morta,
ou um cadáver se bronzeando por dias numa rodovia federal,
ou um caso de pedofilia...
de nada adianta falar que o busão demora,
de nada adianta falar que tá tudo caro...
a poesia e a pedra na vidraça andam juntas.
A voz ativa é melhor que a altiva.
A poesia e a pólvora no parlamento andam juntas.
A poesia e a adaga de prata na garganta do Papa andam juntas.
A Poesia e a Revolta são irmãs siamesas.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Espelho é Tirano... e eu nem ligo.

Dia do amigo?
Pokebola?
Cocaína?
Poema Barato?
Risco de Morte?
Dia do amigo?

Faça-me o favor!
Morra ou saia da frente,
você respira o mesmo ar que o meu!
Aliás,
nada fazes por aqui,
digo,
sobrecarregar a terra não é uma atividade muito boa, não é?!

O poema não respira direito e
sente dores fortíssimas estomacais.
O poema sofre com diarréias
de tanta métrica que come...
Por isso,
vomita tudo para comer outras páginas de lixo
e sofisticação de sexuais perversões...
ah... como Cristo é bom... ah... ah... como Cristo é bom!
Cristo é bom de cama minha gente, recebi dele uma carta,
aliás,
psicografei uma carta erótica
dele!!!
Cristo! Cristo! Cristo!
GOSTOSÃO!!!
DELÍCIA CREMOSA!!!
Perva total!!!
Nossa, fico até sem fôlego,
e por isso eu o louvo ao avesso!

CRISTIANISMO IDIOTA!
CRISTANDADE HIPÓCRITA-FASCISTA-BURRA!!!
CUSPO-VOS NA CARA!

sábado, 9 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pós-Estruturalista, eu?!



in;




http://passapalavra.info/?p=41221

domingo, 26 de junho de 2011

Arguto; histórico e histérico; Eu...

Diletante
e egoísta.

Muito
espelho
e sem ligar para
sofismas,
capciosamente
abraço o desejo pelo acaso
como
quem sorri para dentro
e não para outrem.

Ora rude, ora, sempre...
com uma palavra-pólvora
ou uma proposta traiçoeira
por entre os dentes...

Espinho aberto em botão.
A nova manhã me aguarda,
quedo aos braços delas,
anestesiado pelo êxito da satisfação,
tratamos de nossas feridas,
e sorrimos mais e mais...

Paradoxo de Epicurista
ou câncer não tratado.

Atravesso a rua e te versejo
um sorriso,
mesmo amarelado pela nicotina,
é teu e para ti,
tu que me arrebatas
dia após noite.
Que me suporta e toleras.

Com meu ego agigantado
e minha coleção interminável de
mediocridade e falhas...

Ao fim,
um palhaço-bufão-rancoroso.
Mas ando de bicicleta e quando chove,
tenho preguiça pelo frio e,
quando sol, tenho sono pelo calor...
- desde quando isso é bom?
- ora, noutro quando quero.

Ao chão vai ao espelho, quebra-se em incontáveis pedaços...
- Sete anos de azar!
- Talvez o teu e da humanidade, pois, estarei multiplicado em cada partícula fragmentada.
-...
-...
-...
-...
-...
-...
-...
[...]
-...
-....

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Amargo

Assim ela disse;
Você é tão amargo
tão amargo
mas tão amargo
mas tão amargo
que até
a tua semente é amarga.

O tempo é coisa oca...

As unhas que levam tua
biologia mais externa e geográfica,
alimentam com vasos sanguíneos
escoando o líquido vital
como licores de
noites em vermelho,
vou em delírio com olho fotográfico
- de longe e aproximado -,
revelando o altíssimo-relevo em
tuas curvas
os desenhos feitos com a mais pura
euforia-de-riso-de-canto-de-boca-e-malícia
como espinhos emplumados
de uma delícia carnal e gritante,
uivo e gemido;
sussurro com mãos dadas,
mais sorrisos e riscos com as unhas delas e das mãos.
O tempo é coisa oca
quando não cabe nos nossos
corpos.
O tempo é coisa oca
quando não cabe nos nossos
sentidos.
O tempo é coisa oca
quando não cabe nos nossos
desejos.
O tempo é coisa oca
quando não cabe nas nossas
vontades.
Daí temos a boa lembrança.
Não como nostalgia inválida, não,
temos nisso,
a coletivização do que se sonha e se faz,
que ruma para dentro do corpo,
que se expele junto aos poros,
que pulsa e tilinta como hormônio ou o bate-estaca
que trazemos dentro do peito que pulsa e pulsa e pulsa mais
ra
pi
da
m
e
n
t
e
dentro de cada novo segundo
que respiramos em acalmada loucura,
dentro de cada abraço nosso
e dentro de cada mesa,
de cada copo corpo e bar.
O que ser quer é simples; viver.
Amar e ser Livre!

- Ao chão um panfleto subversivo diz:

QUEREMOS A VIDA EM TODAS AS SUAS POSSIBILIDADES,
APENAS A VIDA E POR TODA A VIDA!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Viva Verve!

Vamos começar com uma invenção, ou lembrança, ou ainda, uma pincelada de mentira e parcialidade - asseguro; não tenho nada com verdade e tão-somente por isto, nada posso bradar, digo, além da habitual chatidão e pequenez telencefálica.

Passemos para o reino da lembrança...
Uma criança vê uma figurinha no chão e abre um sorriso, pois, é a mais difícil de encontrar e a última que falta para que sua coleção se complete, os dentes já estão cariados de tanto açúcar do chiclete, mas, um outro garoto apanha do chão a tal lfigura e a coloca no bolso...

- Ei, eu vi primeiro!
- Foda-se, eu peguei!

Fim

?

Para que diabos serve este último parágrafo?!

No mais, de quem é uma obra? Já ouvi por aí que "a poesia é de quem precisa", tá certo, use-a, aliás, uma obra deixa de ser do obrador depois de obrada. Mas, existe uma foto que não sei de quem é até agora...



1 -Man Ray é o dono da máquina e foi ele quem clicou o disparador.
2 -Marcel Duchamp compôs a Fotografia; Rrose Sélavy é o próprio Duchamp travestido.
3- De quem é a obra?!




De quem é esta composição acima?
De quem tirou a tampa da objetiva, apontou e apertou o disparador,
ou, deste louco fotografado com uma capa de vilão; camisa do Napalm Death;
micro-calção verde; um capacete de ciclista enrolado com papel laminado;
uma, ou, duas, ou muitas doses e um Poema de Roberto Piva gritado?
De quem é a composição?


Se Algum Alguém me convence que a primeira imagem é de Duchamp - Rrose Sélavy,
ou de Man Ray, faço uma festa, mas, ainda sim há um terceira opção;
uma Obra conjunta. A festa acaba com a terceira opção... [perdeu playboy!]


Se a Segunda imagem não é minha só pode ser do fotógrafo, mas, sei que não pode ser uma obra conjunta, pois, não conversamos sobre isto, logo, é uma foto não autorizada e descobri postada em um site de relacionamentos, e sei que não é uma foto de Interesse Público, não possui Cunho Social, não é de Interesse Jornalístico.

O fotógrafo pode falar em Direto de informar, mas, onde fica o meu Direito de Imagem?
- Deixo claro que não sou legalista, mas, é uma questão pertinente ao meio ao qual estou inserido. Ah, e o fotógrafo é Victor Braga.

Viva Verve!










sexta-feira, 3 de junho de 2011

Aos Gritos!



Foto - Marquinhos
Onde ? - Calourada de Artes Visuais - IFCE - 2000 e 11 ponto 1.
O poema gritado - "Rosa de Pólvora Negra".








domingo, 29 de maio de 2011

Incômodo

Prazer e Dor
- dicotomia tão vasta e rasa, não é mesmo?

No Copo,
naufrago ancorado à garrafa,
na garganta
o líquido escoa
como se fosse o único
Prazer...

Depois,
sim, só depois
despencado
na ressaca física e
Moral tão Grandiosa
quanto o Ego inflado de todo ou qualquer humano,
encaro o rosto no espelho
vendo quanta Dor
espalhei em nome de
uma sensação efêmera
e de uma pequenez agigantada por sua própria natureza...

Mastigo minha voz rouca
engulo meu coração
sem título e vejo do chão da cozinha
um desespero em olhos embotados
por um sonho desfeito,
ou seriam sonhos?

Talvez seja você, caríssimo amigo,
um ideal de desvida, sim...
tudo que não presta num corpo só...
Grosso e deselegante,
barba feia, palavras escritas e ditas
sem esmero,
fumante quando se possui fumo
e bêbado quando se bebe...
Meteu-se entre páginas desde cedo,
parece que nada aprendeu,
nada sentiu,
nada o fez viver outra coisa e de outra forma...
Você, meu jovem,
deveria mesmo é ter concretizado sua tentativa de suicídio
mas, como era uma criança tonta, só conseguiu machucar o braço,
já que desde cedo,
apresentava um desequilíbio enorme - caiu da cadeira antes da hora, pequeno monstro imbecil!

Agora,
tomas um café sem açúcar e
o teu perfume é a vergonha.
Tua retórica é o silêncio e o semblante
é de uma cabeça exposta em explosão,
uma dinamite posta em minha boca
e costurados os lábios,
o pavio corre contra minha vontade,
e ele vence, sabe?

Minhas partes são catalogadas
como obras de uma efemeridade ímpar,
regadas por um desgosto e um desprezo
tão vivo quanto o teu reflexo no espelho.
Talvez algum alguém na posteridade
lembre de algo feito por ti.
Na verdade, não lembrarão!
Aliás, me parece que você estava era bêbado, sabe?!

Tua mão tremula como se fosse
uma bandeira de caos,
um panfleto absurdo como um café doce,
tu, pequeno e altivo,
nada sabe da vida, nada!
Aliás,
sobre ti recai o mundo, mas,
essa dor é menor que a vergonha
e,
bem menor que a revolta que ainda tens
e que é a única coisa que ainda te serve.

Vai lá e te entrega ao sono,
vai lá e morre um pouco.

Escuta o que a experiência te fala.

Aprende um pouco de Latim
e vai ler Homero.
Fuma devagar para não tossir demasiadamente,
se beber,
toma como teu um trago por vez,
ou se brincar com algo de grande peçonha,
deixe que te morda na lígua, sabe?

Inicie o dia sem abraço e veja
aliás, revisite o que é
significado de Amargo.

Morre.
Tenha a decência de não mais respirar
o mesmo ar que por exemplo
teu Sobrinho respira,
vai morrer um pouco,
vai sei lá...

Esta não precisa ser apenas mais uma ressaca moral,
não, essa é a pior de todas e realmente precisa ser a última.

Não me venha falar de outra coisa,
vá aos quintos infernais só por variação
escuta algo biaxo, posto que teus tímpanos estão
fragilizados,
tu gritou muito alto dentro daquele copo,
ou mesmo agarrado no pecoço daquela "zinha", e
a beijou na boca várias vezes
num rito demoníaco e etílico,
na boca da garrafa?

Parece mesmo que você deixou
o juízo escorrer, não é?!

Teus joelhos ardem. Teu fígado reclama.
Mas foi ontem, e tu nem lembra de 90 por cento do que aconteceu
tava muito alto e a queda meu véi, foi mais longa...

Teus dentes ainda estão na boca,
mas, teu intelecto é quem morde.
Teus livros de Poesia
amontoam-se e nem mesmo beijou a testa do Teu Pai Morto,
a poeira e as traças juntas às baratas,
beinram por sobre os mesmos livros
e tua voz amargada foi mais que rude
com A Mulher Amada... - peço que me desculpe.

Desculpe Meu Bem,
por vezes sou sem saída,
mas,
não quero
que assim continue.
Eu te Amo, sabe?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sonho

Um código Morse
enviado da praia
por uma lanterna
e uma mensagem sem
codificação...

Como lembrar?!

Simples

Uma Chuva de aguardente
para queimar até os dente.

Um beijo longo e quente
do tipo inconsequente.

Um rito maldito e desleal
em nome do Senhor Infernal.

Uma farra longa e real
tão nossa quanto surreal.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bem se sabe que a vida é estranha. Nisso não há novidade, mas, sempre que um dia raia com seu astro rei - para os íntimos uma estrelinha de apenas 5ª magnitude -, ofertando sua luz, sua vida, seu calor e o mais importante, gratuitamente, eu me pergunto: por quais motivos tudo existe no lugar de não existir e, se tudo existe, por quais outros motivos desta maniera e não de outra?!

Ouvo Belchior e penso no meu Professor de Filosofia que tive a oportunidade de conhecer no ensino médio: Nemésio Silva Filho... O mesmo que a estrutura me impedia de tomar uma breja
no fim de semana falando de Poesia, arte e política... posto que na sala de aula - este cárcere Estatal que padroniza desde o fardamento maternal das primeiras letras, até o último grau de instrução Catedrático -, o resto da turma - ou seria Rebanho? - não nos deixavam Falar Realmente?!

Calo pensando no em meus sobrinhos e no significado do vocábulo VIDA.

Temo. Tremo... tomo uma e outra e fumo. Fecho a porta do quarto e ainda assim a fumaça é posta como incômodo. Falo com meu Irmão mais velho e penso em tudo... Pela segunda vez ele fala como amigo, eu me tranquilizo. Mesmo assim, sei de minha condição de Humano, limitado e medroso e cheio de dúvidas e medos...

Certo ou errado sou assim mesmo. Todavia, é um sentimento que me estima em alto valor...
Por vezes é um morto de cada lado - então são dois, aliás, sou múltiplos... - Sentir e Pensar.

O Amor me abraça e o tenho com porto, a razão me ancora... literalmente me rebaixa ao fundo deste mar já escuro que é o Ser... assumindo isso corro o risco deser chamado de tolo e até cietificista fajuto, posto que não tenho título honorável, mas, por pensar cá dentro de mim, sou chacoteado de pedante - eu ligo?... não.

No fundo, sou um sentimentalóide desmedido e quero dizer com isso, que Amo a Mulher que é a Companheira dos dias e as noites nesta selva de rotina e horário que uma cidade qualquer neste mundo que não é meu, posto que eu não escolhi nenhuma Lei deste lugar sujo que é a Cidade, nenhuma regra Moral deste Estado usurpador!

O que eu realmente quero é algo simples e que todos nós sabemos que é urgente e possível; Felicidade. Calo.

Outro dia raiará, e, levo as horas em atraso e leio algo que realmente me oferta prazer em segundos entre uma obrigação em outra... Escrevo um verso ou outro quando realmente consigo. Sofro de uma síndrome nemeada por mim como síndrome do papel em branco, ou, um mero hiato criativo que dura meses. Há muito tempo não escrevo nada com decência. Aliás, muito tempo que não escrevo nada.

Calo.
Parafraseando:
"... Olho o meu rosto no espelho e depois vou dormir...".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Amplexos Cheios de Saudade!"

Ah meu Amigo,
Saudade é a palavra do dia!

Mas saiba
que é o único
e talvez por isso eu sinta
uma vontade tremenda
de sair por aí com uma garrafa
de vinho seco
ou até molhado
pela sobras de dia que o calendário
coloca em meu bolso apertado...

Sair e sentar numa esquina qualquer
num dia de tarde
para ver o céu debaixo de uma
árvore e rir
dos normais
e fazer piada com a cara das nuvens
enquanto
cuspimos na gramática
e recitamos Silêncio
ou mesmo um Maldito qualquer
- mas não qualquer maldito -,
com o cigarro do sucesso fumegando
e rirmos mais ainda com o vinho barato.

Vez por outra lembro do verso
escrito no teu copo descartável
que não esqueço
;
que poesia mais estraha
...
Pronto.

No mais,
como disse;
Amplexos Cheios de Saudades!

Nos vemos...
Nas ruas
e,
se houver alguma ruína,
passaremos por cima!
Pois como disse Durruti:
"Carregamos um mundo novo em nossos corações!"

domingo, 22 de maio de 2011

Arrisque-se!



Arrisco
e
petisco.

sábado, 21 de maio de 2011

20:42

Dias passam e o medo absorve a palavra de imediato
como um pano absorve
a cerveja derramada como por desencanto
na mesa do bar.

A poltrona continua no seu lugar
e a lua massageia o ego já tão fadigado.
Fumo com um prazer de condenado.

Respiro
em ofego
e transpiro...

Paro...
sentado
penso em tudo,
desde a batalha da vida real
e os jogos que nunca finalizei na infância...
fumo de novo e
vejo o funeral que nunca terminou.

Penso em seu ataúde e não me importo
com a gramática normativa...
muito menos com minha indiferença
para com seu rito imposto por estes execráveis
e odiosos e falsos e moralistas e cheios de sangue e
nojo que são - vocês, os -, óh,
seguidores deste tal Cristo - imundos e cagáveis!!!
Não tive forças para vê-lo em cortejo.

Todavia,
este não foi o caminho mais difícil.
Falam em manchetes de jornal e escândalos
em governo do PT
- o mesmo que o senhor via com bons olhos -,
mas,
hoje, espero mesmo é o mundo acabar...

Não obstante,
Meu Pai,
apesar de tudo
e da vida como é
e como sempre foi,
e nós,
humanos,
verborrágicos e pequenos
- digo, EU mesmo com toda a lama,
e todo o sufoco que é morrer em vida,
atravesso o pântano
que é o dia em suas 24 horas
e toda a sua falta de poesia em
muitos aspectos
e o devoro em loucura sanguinária,
pois,
não estou disposto para moer minhas carnes
tão macias e frescas em nome de um punhado de mentiras
aveludadas e deificadas
por porcos com suas fardas,
com suas pérolas
e suas falsidades!

Agarro meu
Amor como porto e o tomo como verdade,
pois esta meu Pai,
juntamente à minha Revolta
foi o que me sobrou como Realidade,
e aproveito tudo como se fosse morrer.

Posto em Morte te vejo.
Posto em vida me apresento...

O que vejo,
é diferente do que realmente quero e preciso
escrever...
Minha angústia não cabe num poema de sábado à noite meu Pai,
não cabe...
meu grito é mais vivo que o trovão,
mais rápido que a luz e mais agressivo que
a Sinfonia Fantástica de Berlioz...

A febre da Minha Amada teima em apresentar-se em seu corpo.
Deliro.
Escrevo e meu cigarro fumega.
Temo e tremo - temor e tremor numa torre aliterada em Kierkegaard.

Mas lhe digo
Meu Pai,
é o Amor que unifica
como a Revolta é quem Solidifica.

Meu Bem...
é a junção do que serve em mim
que te dou;
meu Amor e minha paixão Libertária;
toma,
vira este copo.
Abraça este corpo que te entrego...
Posto que
no fim de tudo
Amo-te!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Queda

A dor não marca hora...
aliás, quando acontece,
sempre está atrasada.

Se um joelho vai ao chão,
não é por desequilíbrio
ou por
nível eleveado de álcool
no sangue,
não...
por vezes,
aliás,
ao menos uma vez,
é um gato
que atravessa teu caminho
em velocidade
maior que a tua bicicleta vermelha
com tlin-tlin,
espelho, cestinha e garupa...
uma joça que não polui
e ainda é pura diversão...

Todavia,
havia na porra da via
embalsamada por asfalto e
fedor da classe média
num dia de domingo em que
os podres da família pequena-burguesa
são discutidos entre garfadas de tédio e hipocrisia,
uma bicho veloz que me
derrubou...
ele - o gato -,
atgravessou a rua com toda sua real grandeza felina,
e eu o olhava com a cabeça
junto ao chão,
literalmente,
cuspindo terra,
procurando todos os meus dentes tortos na boca
- prncipalmente os já quebrados e emendados
que por ironia ou má sorte, são os "dois da frente"-,
olhando para os lados,
tentando levantar e analisando os ossos...

Um pouco de sangue não mata ninguém,
mas, estou ficando velho e meu joelho esquerdo
nunca gostou de pancadas...

Juntei meus cacos e limpei o sangue.
A biciceta ainda vive e eu escrevo estas
linhas falhas.

O gato atravessou a rua majestosamente
ileso
e do chão eu o via a lamber suas
próprias costas
des
pre
ocupa
da
mente...

Até agora não sei quem
atravessou o caminho de quem...
desviei o meu para vê-lo
atravessar o asfalto de um âgulo mais
inclinado e não me arrependo.

P.S.: como diria um Caro Anarquista; "GO VEG!"

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Paranoia



1963

Poesia Cáustica
Roberto Piva
Fotos inebriantes
Wesley Duke Lee

Irei Como um Cavalo Louco



24 frames por segundo...
Linda e doentia fábula Surrealista.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Geografia Portátil

Geografia Portátil
Renata Marquez
Brasil, 1972
Teoria, crítica e prática em arte-arquitetura-geografia
Theory, criticism and practice on art-architecture-geography
renamarquez@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/5169720837544771

http://www.geografiaportatil.org/

segunda-feira, 9 de maio de 2011

ARTE COMO CRIME; CRIME COMO ARTE!

Agressividade e obsessão;
arte tem como finalidade
a transformação radical
do que se apresenta
aos olhos
como realiadade.



http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/literatura-nacional/cronicas-manual-pratico-de-delinquencia-juvenil-ari-almeida/

domingo, 8 de maio de 2011

Link

http://arttemiarktos.wordpress.com/2010/09/22/devemos-nos-preocupar-se-a-pornografia-sequestrou-nossa-sexualidade/

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Hein?

Quer dizer que as horas passam,
os mortos apodrecem,
e os gritos de horror
do caos nosso de cada dia
podem ser abrandados
com cifras e sangue alheio?

Quer dizer que
a Vingança
é menor pelo fato de ser minha?

Minhas mãos trêmulas
não carregam papoulas
nem diamantes...
e o que isso quer dizer?
Nada.

Tão nada quanto a garantia
de tranquilidade e humanidade
que posso garantir aos meus
sobrinhos.

Os tempos mudarão.

Meu Pai já Morto
ainda visita minha mente
em sono e em vida.
O que tenho com isso?
- estamos mais vivos do que nunca...
fala meu extremado ego em soluços...

Seria eu apenas mais um egoísta?
Sentir o mundo é coisa pouca,
ou mesmo um café pequeno
ruim e doce
em comparação com
meus tempestuosos retalhos de ser.

A voz embarga se penso.
Pesa e queda do olho
a lágrima vertical
consolidade em tanta
horizontalidade funérea
destas peças adornadas
com sangue e tripas
de viventes que
lambem feridas e
espetam com veneno
um novo perfume
em seus orifícios.

Meu Pai Morto
me atravessa o peito
ainda com a mesma
dor do primeiro dia sem ele.

Faço ampulheta com palavras
falhas e falsas para
dividir minha impotência
com o álcool que a garrafa ainda guarda.

Percorro o Uivo
e não me conexo.
Penso em Maio e suas Barricadas de Desejo
e não sou entendido.

No fundo de mim
ou no fim,
sou apenas um co-extensivo do Caos de todo dia...

Não.
Não sou apenas isso.
Sei do que carrego
e que quero.

Vomitem seus títulos
e urinem unissonamente
suas pratas!
Isso não me importa!

No fim,
VOCIFERO COMO LORCA;
CUSPO-VOS NA CARA!

domingo, 1 de maio de 2011

Não esqueceremos nem perdoaremos!



Todo Ódio aos nossos exploradores!
Toda Força para a Classe Operária!

Só com a Revolução Social seremos Livres!

Como os EUA apagaram a memória do 1º de Maio

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio.

– Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.

O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.

Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.

O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.

Eduardo Galeano
in
O Livro dos Abraços

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Vários Estômagos

Como
e engulo a palavra...
regurgito
um poemeto
ainda salivado.
Quem o lê
também o come
lambendo
minha
saliva
ainda fresca
na estrutura
da palavra.

terça-feira, 26 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Palavra em Negro e Vermelho



Raiva Contida

Se chuva é "preciptação",
o que é o tédio,
ou o assassinato de duas pessoas por dia
promovido pelo trânsito
só na cidade de São Paulo?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Argos Mutante

_____Teus olhos
_____com cheiro
_____de fadiga
_____e suores
_____perdidos
_____dentro das horas
_____em veículos
Mil olhos amontoados em
forma de montanha prateada
teus olhos carregados de sono
horas de trabalho e agressões:
possessão e horror maquinal.
_____Teus olhos
_____lotados de fluxo
sanguíneo...
_____Os dias passam e
teus olhos fitam a tarde
atravessando o dia, rumando para
_____noite
_____e nada muda
além da tua economia que
a cada novo dia diminui
_____e míngua como a lua.
Meninos correm pelados da cintura
_____para cima,
enquanto teus olhos choram
por todas as bocas que
_____não podem
alçar voo, pois, a inanição
ocupa a existência
e sobreviver é artigo de luxo
neste mundo vasto e vosso
fétido e capcioso!
_____Mil olhos dentro dos
_____teus; espelhados
no poema mutante...
_____Pela rua o lixo
vocifera.
_____Mil milhões de olhos
em uma cabeça.
Sombras empalidecidas pela cidade
e os teus olhos espelhados
não respiram nada para além
_______________do rarefeito.
Teus olhos com cheiro
_____de solidão,
com largura
_____de frio,
e altura de concreto.
Mais um olho
aparece e vê o aço retorcido
______e chora
com o verde derramado...
outro olho
- este mais amargo -
vê sangue no asfalto e se fecha
em repúdio.
______Outro vê o coração pulsando
e o mesmo sangue
que se esvai, transmite vida.
Mais olhos
com cheiro de fadiga e sono.
_____Mil olhos se fecham
e outros dois mil se abrem
_____como Argos mutante.
Teus olhos ainda carregam
o peso da noite nas pálpebras.
_____Ao dia ficam as manchas
de tinta e caos.
Os olhos são teus
_____nossos
_____vossos.
Dois mil se fecham quando
mil se abrem...
O Vislumbre chegará,
mas, algum de nós
estará acordado?

Mote Desmotivado

Corre solto
como solista
mambembe
pega ônibus
come o que
come e,
a fome, de quando
em quando,
d-e-v-a-g-a-r-i-n-h-o
o consome...
Fica com frio na chuva
e com sede
durante o sol.
O poema sente
o doce na boca
e o amargo no corpo.
Ele ama, ri, conversa,
chora, gargalha,
triste e alegre
é até gente
- isto é um problema grave
o poeta é que para nada serve
- esta é uma [re]solução...

Signo de Hibridação Coisífica

Poema misto
de garfo e faca
com a boca aberta
faminta
da criança
pequena e perdida
na cidade de ferro e cal
de onde
os vermes
tomam forma de gente
em galerias e avenidas
sujas
onde padres
e freiras fumam crack.

Bêbados dormem
na Praça dos Leões
onde o
Poeta Mário Gomes
fuma ao mesmo
tempo dois cigarros.

O café esfria
e o tempo derrete
esquálido e presente
no espaço
como
a inanição no menino
que por
de-
baixo
da ponte
anuncia as horas
da esquina quando
colado
na ponta da rua
de esquina
agendando o meretrício.

Se esta cena fosse
em outra latitude
outra longitude
o poema seria universal.
Mas é medíocre e pastoso
como
todas as letras que não
rompem com sua condição
estática.

Da Cor Indizível

Não há matiz mais branda
viva e suave que o inefável
encontro das primárias
abraçadas em uma cor
tão sua quanto o arrebol
que mesmo com a chuva o sinto...
não há cor mais intensa qual a
que se concentra na ponta de seu pincel.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011