quarta-feira, 22 de julho de 2009

Poema da mediocridade assumida

Todos os dias, exijo um poema.
O de hoje aparenta desconexão e só.
Vejo uma lagoa cheia de carnaubeiras
e uma vegetação rasteira e amarela
com espinhos.
Chove dentro do âmago amargo.

E o poema não fala nada que se aproxime
de qualquer novidade.
Ora, um homem medíocre não pode
escrever nada para além de sua mediocridade.

Poema para o dia 17, ou, poeminha da desilusão total

A utopia já não
escancha suas
ancas em meu
corpo.

A utopia é uma flor morta.

A utopia foi
ao banquete
dos lobos.

A utopia teve o útero
extraído e agora,
é tão infétil quanto
o poema.

A liberdade correu tanto,
mas
tanto, que tropeçou
e quebrou o pescoço...

A justiça
suicidou-se depois da cegueira
- ora, ela dizia que não podia
apaziguar seus ódios com as luas
dos poetas
romantiquinhos e floridos,
e que não perderia mais tempo sendo
musa,
ou, heroína...
preferiu cocaína
e depois,
a morte.

A paz,
num dia de fúria,
matou os pais e os avós
com um martelo...
Roubou um carro,
assaltou um banco
e sumiu
na BR-222.

Medo em dois versos

Desistir do laço é só um tremor
Quando o mesmo já esticou-se.

Dístico infeliz

Quer ouvir uma história triste?
Pergunte sobre o amor...

Nem verso nem solução

A angústia vibra
profundamente
entre tosses
tragos
escarros
e beijos sem gosto.
Os navios,
os castelos,
as vias, os hábitos dos avós,
as cidades, os guetos, a lama,
o caos, o caos, o caos nosso de todo dia,
as serras, os bordéis, os sacrários,
os exécitos e os quartos
de
dormir estão em chamas.

A vida é um cadáver putrefato que
a normalidade rega com formol e mentiras.

Não há buda, jesus, ou maomé...
nem marx, hegel, ou plotino...
nem claudel, nem rodin, nem burroughs...
nem eu, nem você com nome de mulher.

O sonho arrebata e ofusca,
a cegueira purulenta afaga a fraqueza
e nunca se vê o nariz, muito menos, um palmo à frente...

Corram, esconderei veneno embaixo do tapete
e meus dedos estarão
dentro das garrafas com álcool,
meus olhos esmagados na frigideira com azeite de oliva espanhol,
cebola, creme
de
alho, e meus pés andarilharão por aí em busca de pesadelos...
ora, pois, os sonhos acabaram todos!
findaram, foderam-se!
Depois,
estenderei minhas vísceras mais íntimas junto às imagens dos santos,
jogarei pedaços do meu fígado na cara
dos porcos fardados - ôpa, acabo de insultar meus amigos suínos-,
enforcarei membros da direita, da esquerda, do centro e do canto,
no fim todos são iguaizinhos mesmo...
-não acha?! rompam!-
Sentirão o gosto do meu sangue podre!

O teu sonho é romantiquinho e bobo...
Creio mais no ódio e na blasfêmia como forma de divertimento
e claro, na minha úlcera!

Ó ciVILização adoradora do ódio, morra de uma vez só!
Vil raça humana...

Regar o âmago amargo com cerveja.
Morder a própria voz.
E no fim,
pouco importa se no vaso há flor, ou, adubo...
... a mediocridade é uma só.

-Vida, morra de uma vez porra!

Estas folhas secas

Estas folhas secas
carregadas pelo uivo do vento
da desordem
do sentimento avesso,
adorador do ódio
e acompanhado de solitudes...
- Raquel Magalhães, quem disse que o poema é de "amor"?

As folhas secas
murcharam não por falta do líquido vital,
mas,
____por
_______desafeto.
Desarmonia hormonal,
olfativa,
poética,
falta de Beatles e Drogas!

As folhas secaram
pelos motivos que nem sei,
nem você saberá.

Outono;
amarelamos e quedamos
como secas
________folhas sem letras.

As luzes não iluminam mais
e talvez
seja a hora de queimar as
velhas
folhas e utilizá-las.

Porei fogo nestas folhas secas.

Que a fumaça seja branda,
que a Cerveja venha gelada
e que a solidão acorde em braços que não sejam meus.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Das lendas vivas e mortas

No último domingo, uma lenda seguiu ao fim de mais um capítulo. Kiko Maiden. Figura importantíssima na cena Underground cearense. Pessoa sincera e dotada de uma personalidade ímpar... Quem não lembra dele dizendo; "ei, mazela!"... Perdemos uma lenda. É tudo. Quem não lembra dele batendo cabeça ao lado do P.A. nos festivais? Contando histórias engraçadas nos bares por aí?

A perca é irreparável. A lembrança não encontra termo equivalente dentro da nossa escrita.
No entanto, cá estamos nós... Ouviremos Maiden e incondicionalmente Kiko estará presente.

As lendas não morrem. As lembranças não são apagadas e o último volume da caixa de som ecoará o nome daquele que sabemos o nome, e claro, Maiden.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Pequeno parecer sobre o chão

Andando por aí encontrei muitos bêbados.
Uns dançavam e sorriam,
Outros,
_______choravam por motivos
que ainda desconheço...
E
Muitos outros,
Já exaustos, tomavam
_________o chão para si
como
____se
______fosse cama,
__________maca, ou ainda,
__________alcova.

O chão é o que realmente apara e ampara.
O resto é balela.