quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O tamanho do fracasso.

O tamanho do meu fracasso
é a altura das copas mais frondosas...

O frescor dos riachos mais inacessíveis
é do tamanho do meu fracasso inteiro!

E o desenho que faço com as estrelas
é o mapa que me norteia!
A terra entre os meus dedos
possui a cor do fracasso...

O cheiro da mata,
os canteiros, os pássaros,
os pássaros, os pássaros, os pássaros...
a chuva! o vento!e até a misantropia!

Tudo isso adjetiva o meu fracasso!

A história viva nos mais velhos,
as frutas que matam fome,
os roçados, as colheitas,
as conversas entre cafés e cigarros enrolados
com a experiência que falta em mim...
e a incrível cena: sentar numa calçada
às 22 horas e olhar incontáveis estrelas!

As bicicletas, os caminhos, a névoa e o afago...
o sossego e toda a ausência de tédio é todo o meu fracasso!!!

Aqui esqueço da arena urbana que promete mil ataúdes!

Aqui o andarilhar sozinho nunca coube tão bem em meus pés,
e o verde nunca foi tão amado por este olhos frívolos!
- ah, se fosse um embarque sem retorno neste rio!

Juro que sou assim e que o vento,
a noite e o silêncio forjam em mim um riso fácil e sincero!

E assim eu quero desnutrir o sucesso das cidades
com o seu cheiro de cimento e asfalto que soterram o chão vivo!
Aqui todos os dias são iguais - TODOS LIVRES DE TÉDIO!

Aqui todas as noites são iguais - estreladas,
cheias de vida, encantos e mais vida e TODAS LIVRES DE TÉDIO!

Com auxílio da Jussara e do Buriti, mancho minhas folhas,
finco na terra os meus pés e levanto os braços - quem dera ser árvore!

Estou escondido entre as palmeiras,
sim, estou aqui, bem longe da cidade e onde o tédio não me alcança!



Possível diálogo entre palmeira e carrinho.

Maranhão / Janeiro / 10

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Cinicando... ou não.

A paixão é a maior e pior coisa que pode atropelar um coração descuidado.
Os calos serão todos lembrados, amargurados e revisitados dia após dia... Além da falta de sono já imposta pelo tempo e pela situação humana em que me encontro, mas, quem disse que não gostamos de sofrer este brilho?!

Sei que, um segredo foi revelado e ela nem precisava saber que eu existia... era um plano simples;
eu amaria o meu segredo e depois de uma década faria um romance e deixaria que as traças tomassem de conta daquele sentimento todo... ela não precisava saber!

Ela com o todo total que só enxerga quem olha de lonnnnnnnnnnge... um suspiro e dois!
A roupa dela deve ter cheiro de alecrim, mas isso ela deve saber, né? mesmo assim, não precisava saber lendo este parágrafo tão falho.

O pior que ao revelarem o meu segredo, fizeram algazarra maior com meus tremores e temores de paixão silenciada; prometeram-na um soneto, um cordel, um vinho nobre, um gramofone e discos e discos e discos...

O que eu faço com o amigo que há muito Quintana poemava?

Sei que o nome dela eu não digo e se alguém perguntar digo que é mito!


Rumo ao Maranhão! Até breve!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Desconvicções de ano velho e novo, ou, poema do AVC.

Não sei o que vocês - meros mortais - , veem nestes tempos. Eu não vejo nada para além de um amontoado de desgraças futuras.

Todo dia 31/12, vocês sorriem, andam de mãos dadas e se abraçam em meio aos salões, dentro dos bailes, das favelas, dos palácios, dos micoooondas, dos fornos e das senzalas modernas...

Não há nada além da mediocridade e da hipocrisia em tais atos burguesmente pequenos. E garanto que no ano seguinte, só a expectativa será criativa: decepções.

Meu Pai já morto, está livre de vocês assim como o sono está livre da minha noite.

Vocês fazem música com bateria eletrônica e leem Vinícius! Cansei disso, da raridade, da vulgaridade, do estilinho de vida que apregoam em cartazes! Eu queria era a vida... só isso.
Pelo visto, as promoções de 2010 não incluem felicidade para seu ninguém, mesmo com todas as facilidades de pagamento...

Ao menos descobri que fazendo listas de música, posso amenizar as dores da gestação da morte.
Ouço Bikini Kill, Dylan, Olho Seco, Rage against the machine e Judas Priest numa mesma tarde e tomo café freso.

Leio Bandeira e Lorca e desejo tudo de ruim para todos e principalmente para um pessoa especial que encontrei ano passado na calçada da farmácia; ela vinha das compras e eu ia ao bar.

FODA-SE E MORRA!

SÓ O ÓDIO É ETERNO!

O AVC levou em seus braços meu Pai e agora os escombros estão até o pescoço.
O aterro vem de dentro, enterro-me vivo,
vomito as esperanças deglutidas - todas estão mortas!
"Longo caminho de dor e câncer vejo em seu futuro jovem padawam" - diz-me mestre Yoda!
mas serei um Sith, logo, foda-se tudo e TODOS.

CUSPO-VOS NA CARA!