quarta-feira, 29 de abril de 2009

A voz mordida, cala.

Hoje quero ficar em silêncio.
Compactuar com o frio,
O calar dos mortos.

Calar como uma rocha,
Quando uma onda a despedaça em areia.

Calar como uma estrela opaca
Que em seu
Vigor suicida,
Brilha magnífica, triunfante,
Mesmo exterminada!

Calar como um olho fechado,
Como um coração amargo e ferido,
Calar.

Calar como se uma música brincasse
Ao vento e rondasse Os ouvidos...
Calar.

Calar como um homem sozinho - no escuro-...

Calar como quem oculta,
Calar como quem já sofreu,
Calar como quem já gritou
Até encontrar-se na rouquidão!

Calar como quem se afasta.
- Ou como quem se omite...

Calar de forma branda,
Ou,
Nefasta!

Calar, somente.
Calar.

Calar como quem serpenteia;
Como quem espreita a morte...
Como que forja saída; como quem suspira...
Ou ainda,
Calar de forma mais alta,
Mais Sonora! Mais audível; calar como quem desiste.

Calar... Profundamente.

Hoje quero ficar em silêncio...
Compactuar com o frio,
O calar dos mortos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Editor Márcio Agner Carvalho Cavalcante

Certo dia, o futuro editor Márcio Agner Carvalho Cavalcante, leu uma certa crônica que retratava um dia de fúria e outras coisas amargas na vida de um escritor que não escreve. Ele ficou surpreso com as letras que se aglutinavam de maneira simétrica e que avivavam memórias e remorsos.

O futuro editor não tinha tanto contato com as letras, mas era bom com os cálculos e angulações.
Mesmo assim continuou sua leitura.

O primeiro comentário do nosso editor foi o seguinte:
"karaaaleo maan", depois veio um "roxedaa" e por fim; "serioo mermuh".

Ele estava espantado e perguntava; "foi kuando isso maan, aconteceeu do jeiitiin kii tva aew?"
O falso cronista respondeu "sim, mas por quais motivos tanto susto?" E o Guitin, desculpem, Agner, disse em um tom maior "fiikou iirado demaais maan, ja pensoou ein escreveer un livro?"
O maldito cronista disse que não teria grana suficiente para edição e afins, e que não tinha nenhuma pretensão em ser lido em brochuras, nem ser reconhecido, muito menos ser vítima da loucura de nenhum crítico literário plantonista.

Ele disse "euu te patrociino, eh seriio maan, demora marromeno un 4 meses neah?!"

O poeta ria aos montes - poeta? Não era um cronista?! -, e falou que se ele bancasse tudo, mas tudo mesmo, incluindo o coquetel de lançamento, ele copilaria dois livros em uma semana!

Mas depois disse que o seu primeiro livro seria uma edição PÓSTUMA, e disse mais; que ele juntasse as moedas rapidamente, posto que a corda já está acordada com a viga e o pescoço.

E depois o Poeta medíocre falou:" espero sinceramente que você lembre disso depois de minha morte. ", "poisszeh man" falou o editor, "pq se euu morrer pcausa de tii un diia depois da tuua morte aiii fudeeu!"

Rimos um pouco e ele disse em meio aos "kkk" do msn algo mais ou menos assim,
"maas pois organizaa aew pra tuu me daah maan!", e como se fosse um mestre jedi, o cronista respondeu; "na hora certa você saberá onde procurar."

Depois ele leu um poema e convencido disse que seria o meu editor!
"eiitah porra, massa demaiis maan! esses ultimos versoos kii eu entendii melhoor"

O poema que abriga os versos seguites chama-se "Poema das sete pétalas",

"...Esta foi a derradeira a aparecer
E
A primeira a sumir."
"Extinta ?" - Bradou a mão!
"Não, Rara". Disse o jardineiro."

"Massa demaiis maan!" Depois veio uma frase muito intrigante "maan dondeh ki tuh tira essas ideeiias?"

Encerro a crônica abraçando meu sobrinho que um dia irá deslembrar desta conversa, e não será o meu editor. Ah, aproveito para dizer a tod@s que, apesar deste jeito manco, rude, chato, grosso, amo você e todos do clã Carvalho.

terça-feira, 14 de abril de 2009

POEMINHA DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Quintana

Eu e as perguntas de Gabriel

Hoje acordei com um remorso do cosmos ainda maior do que o de ontem.
Pensei numa maneira de sumir sem deixar vestígios...
Não consegui. Os muros dentro de minha cabeça desabam.
Soterram meus olhos apagados...
Perco o pulso e enterro-me nos meus escombros.
Minha mãe diz "amém",
Deveria dizer AMEM.
Minha mãe falou de grana; gritou "vagabundo" com o dedo na minha cara...
E como sou fraco para elogios,
chorei.

Gabriel e eu fomos à sua escola.
Ele Perguntou sobre dinossauros, ovni's, seres do espaço e afins...

Depois veio falando que o guarda-chuva arrancaria o seu braço se
uma rajada de vento viesse muito furiosa! E que o T-REX o comeria inteiro,
pois, sentiria o cheiro do sangue e veria o que sobrou do braço dele ao chão...

Depois ele perguntou se eu gostaria de ser um dinossauro do espaço que voaria em naves
e comeria os menores...

Fiquei bestificado com toda a força imaginativa de um menino de sete anos...
Eu como tio coruja que sou, enchi os olhos de lágrimas... uma delas decidiu chamar a atenção do pequeno Gabriel...

- Tá chorando tio Rafa?
- Mais ou menos...
- Tá doendo em algum lugar? Eu tô com o dedo cortado mas nem tá doendo, viu?!

Rimos um pouco. Depois ele refez a pergunta... Eu disse que gostaria de ser um "dinossauro do espaço que voaria em naves e comeria os menores..." posto que qualquer coisa é melhor do que ser um medíocre humano.

- O que é medíocre, tio Rafa?
- Sou eu, meu sobrinho, sou eu...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Poema das sete pétalas



Hibisco floresce num peito lânguido.
Amargo e medroso,
O ramo sequioso dá-se perdido.

Fenece com dissabor,
Às Onze-horas em ponto,
Mais uma flor.
"Morte natural" dizia o jardineiro
Fumando trevo...

Calíope indecisa e um tanto perdida,
Observa a mutação floral e sussurra...
Perde-se entre as matizes negro-violáceas
E vibra com o furor das Mussaendas.

As folhas secas sobre o vaso evidenciam
As pétalas dançantes das Orquídeas
Quedas há pouco,
Dentro daquele mesmo quando.

A mão que escreve pensou em comer
Alcachofra, ou mesmo Calêndula...
No entanto, o prato que tanto almeja
É o Amor-perfeito...

Mas o jardineiro disse
Que
"Das flores comestíveis,
Esta foi a derradeira a aparecer
E
A primeira a sumir."

"Extinta ?" - Bradou a mão!
"Não, Rara". Disse o jardineiro.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Florbela Espanca, eu e Schopenhauer.


"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"

Florbela Espanca