domingo, 29 de maio de 2011

Incômodo

Prazer e Dor
- dicotomia tão vasta e rasa, não é mesmo?

No Copo,
naufrago ancorado à garrafa,
na garganta
o líquido escoa
como se fosse o único
Prazer...

Depois,
sim, só depois
despencado
na ressaca física e
Moral tão Grandiosa
quanto o Ego inflado de todo ou qualquer humano,
encaro o rosto no espelho
vendo quanta Dor
espalhei em nome de
uma sensação efêmera
e de uma pequenez agigantada por sua própria natureza...

Mastigo minha voz rouca
engulo meu coração
sem título e vejo do chão da cozinha
um desespero em olhos embotados
por um sonho desfeito,
ou seriam sonhos?

Talvez seja você, caríssimo amigo,
um ideal de desvida, sim...
tudo que não presta num corpo só...
Grosso e deselegante,
barba feia, palavras escritas e ditas
sem esmero,
fumante quando se possui fumo
e bêbado quando se bebe...
Meteu-se entre páginas desde cedo,
parece que nada aprendeu,
nada sentiu,
nada o fez viver outra coisa e de outra forma...
Você, meu jovem,
deveria mesmo é ter concretizado sua tentativa de suicídio
mas, como era uma criança tonta, só conseguiu machucar o braço,
já que desde cedo,
apresentava um desequilíbio enorme - caiu da cadeira antes da hora, pequeno monstro imbecil!

Agora,
tomas um café sem açúcar e
o teu perfume é a vergonha.
Tua retórica é o silêncio e o semblante
é de uma cabeça exposta em explosão,
uma dinamite posta em minha boca
e costurados os lábios,
o pavio corre contra minha vontade,
e ele vence, sabe?

Minhas partes são catalogadas
como obras de uma efemeridade ímpar,
regadas por um desgosto e um desprezo
tão vivo quanto o teu reflexo no espelho.
Talvez algum alguém na posteridade
lembre de algo feito por ti.
Na verdade, não lembrarão!
Aliás, me parece que você estava era bêbado, sabe?!

Tua mão tremula como se fosse
uma bandeira de caos,
um panfleto absurdo como um café doce,
tu, pequeno e altivo,
nada sabe da vida, nada!
Aliás,
sobre ti recai o mundo, mas,
essa dor é menor que a vergonha
e,
bem menor que a revolta que ainda tens
e que é a única coisa que ainda te serve.

Vai lá e te entrega ao sono,
vai lá e morre um pouco.

Escuta o que a experiência te fala.

Aprende um pouco de Latim
e vai ler Homero.
Fuma devagar para não tossir demasiadamente,
se beber,
toma como teu um trago por vez,
ou se brincar com algo de grande peçonha,
deixe que te morda na lígua, sabe?

Inicie o dia sem abraço e veja
aliás, revisite o que é
significado de Amargo.

Morre.
Tenha a decência de não mais respirar
o mesmo ar que por exemplo
teu Sobrinho respira,
vai morrer um pouco,
vai sei lá...

Esta não precisa ser apenas mais uma ressaca moral,
não, essa é a pior de todas e realmente precisa ser a última.

Não me venha falar de outra coisa,
vá aos quintos infernais só por variação
escuta algo biaxo, posto que teus tímpanos estão
fragilizados,
tu gritou muito alto dentro daquele copo,
ou mesmo agarrado no pecoço daquela "zinha", e
a beijou na boca várias vezes
num rito demoníaco e etílico,
na boca da garrafa?

Parece mesmo que você deixou
o juízo escorrer, não é?!

Teus joelhos ardem. Teu fígado reclama.
Mas foi ontem, e tu nem lembra de 90 por cento do que aconteceu
tava muito alto e a queda meu véi, foi mais longa...

Teus dentes ainda estão na boca,
mas, teu intelecto é quem morde.
Teus livros de Poesia
amontoam-se e nem mesmo beijou a testa do Teu Pai Morto,
a poeira e as traças juntas às baratas,
beinram por sobre os mesmos livros
e tua voz amargada foi mais que rude
com A Mulher Amada... - peço que me desculpe.

Desculpe Meu Bem,
por vezes sou sem saída,
mas,
não quero
que assim continue.
Eu te Amo, sabe?

2 comentários:

  1. Como beber o ar e sentir que ele já não basta para a embriaguez. Quero mais! Espero a saidera... [lendo e entorpecendo, de forma sagaz, viciosa]

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