Acorde de um sonho e veja suas gengivas derretendo.
ouça o som que a lua faz quando se choca com a terra,
ou ainda o último suspiro de uma caneta sem tinta.
Para quem escreve a caneta é seu objeto de transtorno
retorno e desejo e busca e caminho e encontro.
Para quem desenha sua caneta de refil recarregável
é parte do corpo que,
ao toque da caneta ao papel, de seu bico e sua tinta,
tem sua extensão corpórea garantida
como um deslize, um respiro e um alívio.
a música cessa, pois, a corda arrebenta.
a regência para se a batuta quebra...
Perder o tempo é coisa boba, 1, 2, 3,
vai de novo
e o tom menor se adianta agalopado,
troteando em perdas colossais.
o que se perde em meio ao processo
de composição,
quando a corda quebra não é o dinheiro
para comprar uma reserva...
o que se perde não é o tempo da afinação do restante das outras.
o que se escorrega enquanto fracasso
ou proto-fracasso é a sequencialidade das ideias que se espatifam ao chão
arremessados do alto da escala tonal.
é como quebrar uma tecla no meio de um allegro vivace!
É de uma tamanha tristeza.
é como um fagote engasgado, ou ainda um oboé em chamas...
derrete o som como a tinta seca
sibilante, uivando, se urdindo ao avesso,
se desfazendo como a composição que abortada pede socorro
ao relógio que marca tempo,
mas o temperamento deste metrônomo
não vai ao encontro do seu.
não desenhar é como um músico ter sua partitura rasgada.
o palco arrancado dos pés de um ator, contudo, este tem a rua e pode
executar o seu texto, a polícia tira-lhe o texto,
eis que ele improvisa, mas, mastiga e engole a própria voz
e tomba e quebra o pescoço.
é como perder uma caneta.
A caneta em si é próprio motivo para o poeta,
nem é o poetar em si,
é o fato da caneta tornar possível o delatar
das palavras desencadeadas uma após a outra,
ora,
o que tu esperas de uma caneta?!
Uma assinatura num cheque?!
Não me importa o que achas, o que me interessa é que perdi duas canetas.
e estou me lamentando como um clarinete
desafinado desafiando os ouvidos
mais calados.
escorrega devagar e adiante.
essas canetas não são para as escrituras
toscas que me encarregaram desde o nascedouro
as vinhas do tempo e suas iras com veios
amadeirados que sustentam o mundo
por cima da ampulheta que filtra dois universos.
essas canetas se perderam por um deslize meu.
por uma idiotice por uma falta de atenção.
...
fui interrompido nesta hora; batem à porta do quarto onde vejo minas canetas.
...
e tão somente por isso não me desculpo.
foi um erro de um tom inadmissível.
Pois na verdade o que se sepulta é uma série de trabalhos
que viriam a ser pelo bico dessas duas canetas. Infinitos.
o que cometi – este canetinocídio –, é impensável!
Tantas tintas ainda guardariam e quantos mais papeis...
quantas ideias, quantas ideias...
o que mais me entristece é que tinha mais Amor
naquelas canetas que qualquer outra que possa existir.
Se por acaso ou descaso essa canetas
quisessem meu sangue como vinho não poderia nada fazer.
perdi o controle, perdi o controle...
como enfrentar uma fila de 450 pessoas
e voltar ao final só por diversão.
espero assim talvez satisfazer os anseio destas canetas
que tanto já trucidaram o tédio
e como um idiota eu as matei.
como se não bastasse ser feio,
tivesse agora dar uma de burro.
É como ouvir Dylan apenas
com um fone
de ouvido – não fode cara!
O garotinho está seriamente perdido e é
atropelado miseravelmente pelo perigo que o acompanha
em suas sombras e tem um copo cheio de café e medo...
Suas solas falam de umas canetas mortas
ele não entende e pede explicação
e tem visões assombradas
durante a noite e dorme
dentro de um bueiro infinito
sua salvação é igual ao das canetas
vê primitivas inscrições nas pernas da rua
e fica de joelhos entregue à noite.
o infeliz dorme e durante o sono
lunaticamente se assusta ao espelho,
pois suas gengivas estão derretendo
e pela janela a lua se aproxima
e seus dentes escorregam vagarosamente
sente seus pés descolarem do chão
e um por um seus dentes são lançados ao espaço
que o vazio ocupa entre saliva e espelho
que agora o sangue se empapa em motes doloridos.
ao chão, levita vagarosamente a tinta nanquim
das duas canetas que se entreolham com sorrisos
e vingança. Dão seus últimos suspiros.
Finalmente a lua choqua-se com o planeta.
Por fim, nanquim.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
ao gosto
é fácil;
é de amor e é grande
e forte
um abraço ou ainda um
querer amplificado que
beethoven não sentiu
menos ainda debussy...
o que fazer se o amor tem cor de rock
e nós somos os solistas dessa peça
que compomos em campos
abertos dentro do peito e debaixo das árvores
ou por entre o lodo que verdeja enquanto
te versejo folha, ou ainda, feito botão,
ou mais, feito migo, que em ti,
repousa pois enfim
sabe da lua e do cheiro de sê-lo.
de amor e de muito.
é fácil.
como Rach miando e
rondando e fazendo charme
para ganhar afagos e carinhos
como leves toques de pincel em água.
é fácil.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Da Casa Nossa
não são apenas
duas chaves.
nem poucos cômodos,
não.
são duas janelas
- abertas -
quatro mãos,
dois corpos,
onde a mudança
acompanha com o
suor
e sorrisos
e malhas e manhas
o querer que é nosso
que uiva e grita viva
num canto pequeno
e cheio
de luz, carinho
e o que Anima
- não a alma,
mas a vida;
o nosso Amor.
não são apenas duas chaves
são duas janelas abertas
onde se olha o fundo dos
olhos
não no espelho
mas no
olho do outro.
duas chaves.
nem poucos cômodos,
não.
são duas janelas
- abertas -
quatro mãos,
dois corpos,
onde a mudança
acompanha com o
suor
e sorrisos
e malhas e manhas
o querer que é nosso
que uiva e grita viva
num canto pequeno
e cheio
de luz, carinho
e o que Anima
- não a alma,
mas a vida;
o nosso Amor.
não são apenas duas chaves
são duas janelas abertas
onde se olha o fundo dos
olhos
não no espelho
mas no
olho do outro.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Aos Beijos
não há remorso
pelas cores.
elas só me dão cegueira.
chromofobia.
gosto quando
pela pele
o suor diz suas palavras,
e numa tempestade,
no meio ao breu,
grita a verve mais
humana,
como um raio que parte.
na transparência
é que mora o segredo
mas só no breu
o sigilo se fecha,
como carta selada.
não há remorso
pelas cores.
algumas até suporto.
gosto de duas,
visto que são miscíveis...
tintar o que há de branco em nuvem
é tarefa hercúlea para um par de mãos.
a chuva vem e aplaca meu desejo;
tinge o céu de cinza e isso me transporta.
transborda e transforma...
eu gosto do cinza.
e do preto.
o azul tem algo, mas,
não é de completo gosto,
diria que a cor azul é um mini-desgosto.
há rumores
pelas cores.
exijo das palavras seu suor.
o seu e o dela,
admito o dúbio,
não pelo duplo de cada
palavra, mas pelo tríptico
(não triplo, pois, no tríptico as três
imagens formam uma maior)
de cada interpretação,
tão novo
quanto
"uma porta que serve para abrir e fechar",
ou tão velho
e sentido quanto o sol
que em dupla,
luz e reluz,
nem se importando com
a geometria do universo.
não me reporto ao único,
aporto no múltiplo
e despenco em riso
junto ao livro
que deglute e enerva,
compondo assim,
marcas na alcova
como no solo em pegadas
que
dão rumo aos dias
e com luz
quase branda do sol
entre as nuvens
que me iluminam
"
E vós, amáveis devassos, que desde a juventude, não tendes outros
freios que vossos desejos e outras leis que vossos caprichos (...).
Convencei-vos (...) que, só estendendo a esfera de seus gostos e
de suas fantasias, só sacrificando tudo à volúpia, o infeliz indivíduo
denominado homem e jogado a contragosto neste triste universo
conseguirá semear algumas rosas sobre os espinhos da vida.
"
Página 11;
Marquês de Sade, A filosofia na alcova, ou Os preceptores imorais;
tradução, posfácio e notas Contador Borges. - São Paulo: Iluminuras, 2008.
Volúpia enquanto deleite,
deleite enquanto prazer;
seja moral ou físico...
Atear fogo em igrejas
é um belo deleite,
pois, assim, ela poderá iluminar
meus olhos cansados de cores
numa noite escura e fria,
e num tom amareladamente
pirofágico,
a tomarei dentro da noite,
das mãos da prórpia noite,
e a beijarei como quem
precisa do teu beijo para
dar continuidade ao legado
e, com um encaixe perfeito
um mise en abyme...
como diz a canção:
"fogo e paixão".
pelas cores.
elas só me dão cegueira.
chromofobia.
gosto quando
pela pele
o suor diz suas palavras,
e numa tempestade,
no meio ao breu,
grita a verve mais
humana,
como um raio que parte.
na transparência
é que mora o segredo
mas só no breu
o sigilo se fecha,
como carta selada.
não há remorso
pelas cores.
algumas até suporto.
gosto de duas,
visto que são miscíveis...
tintar o que há de branco em nuvem
é tarefa hercúlea para um par de mãos.
a chuva vem e aplaca meu desejo;
tinge o céu de cinza e isso me transporta.
transborda e transforma...
eu gosto do cinza.
e do preto.
o azul tem algo, mas,
não é de completo gosto,
diria que a cor azul é um mini-desgosto.
há rumores
pelas cores.
exijo das palavras seu suor.
o seu e o dela,
admito o dúbio,
não pelo duplo de cada
palavra, mas pelo tríptico
(não triplo, pois, no tríptico as três
imagens formam uma maior)
de cada interpretação,
tão novo
quanto
"uma porta que serve para abrir e fechar",
ou tão velho
e sentido quanto o sol
que em dupla,
luz e reluz,
nem se importando com
a geometria do universo.
não me reporto ao único,
aporto no múltiplo
e despenco em riso
junto ao livro
que deglute e enerva,
compondo assim,
marcas na alcova
como no solo em pegadas
que
dão rumo aos dias
e com luz
quase branda do sol
entre as nuvens
que me iluminam
"
E vós, amáveis devassos, que desde a juventude, não tendes outros
freios que vossos desejos e outras leis que vossos caprichos (...).
Convencei-vos (...) que, só estendendo a esfera de seus gostos e
de suas fantasias, só sacrificando tudo à volúpia, o infeliz indivíduo
denominado homem e jogado a contragosto neste triste universo
conseguirá semear algumas rosas sobre os espinhos da vida.
"
Página 11;
Marquês de Sade, A filosofia na alcova, ou Os preceptores imorais;
tradução, posfácio e notas Contador Borges. - São Paulo: Iluminuras, 2008.
Volúpia enquanto deleite,
deleite enquanto prazer;
seja moral ou físico...
Atear fogo em igrejas
é um belo deleite,
pois, assim, ela poderá iluminar
meus olhos cansados de cores
numa noite escura e fria,
e num tom amareladamente
pirofágico,
a tomarei dentro da noite,
das mãos da prórpia noite,
e a beijarei como quem
precisa do teu beijo para
dar continuidade ao legado
e, com um encaixe perfeito
um mise en abyme...
como diz a canção:
"fogo e paixão".
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Digitado em louvor ao Desejo
feito bicho no sofá
querendo mais
como traça em livro, aliás,
feito traça em tomo,
e te tomo pelas ancas e
te divido, e te deixo de lado e do outro
e nos embreagamos
e satisfeitos,
com cheiros de convites
e sem respiração
pois a ofegante já morreu sem ar
nos carregamos dentro do suor
por debaixo de cada unha
e te toco
como uma sin-fonia
onde todas as cordas são aproveitadas
e com vigor
tua língua fremeia as ondas
e escudeiam
os tímpanos com saliva
e risos em tons maiores
de vividez
e feito bicho
nos beijamos
e feito brasas
silenciosamente
urramos.
querendo mais
como traça em livro, aliás,
feito traça em tomo,
e te tomo pelas ancas e
te divido, e te deixo de lado e do outro
e nos embreagamos
e satisfeitos,
com cheiros de convites
e sem respiração
pois a ofegante já morreu sem ar
nos carregamos dentro do suor
por debaixo de cada unha
e te toco
como uma sin-fonia
onde todas as cordas são aproveitadas
e com vigor
tua língua fremeia as ondas
e escudeiam
os tímpanos com saliva
e risos em tons maiores
de vividez
e feito bicho
nos beijamos
e feito brasas
silenciosamente
urramos.
20/06/2012
Poderia falar
do seu cabelo curto lindo
e cortado,
ou ainda,
da cerveja gelada
que goteja riso e mais riso,
ou ainda
eu ao espelho
ou frente
aos teus olhos
falando do riso dela,
dela tu
delata,
onde o riso aflora
e a alfavaca rija e alta
te perfuma como a noite
e teu suor na língua
que doce,
me altera e nos deglutimos
em riso com as sacolas
na mão,
cheias de conversas
e luzes para compor
fotografias e poemas,
como quem tricota
e ri da própria fala...
um destaque sublime e belo,
e nesse momento,
não quero saber de esteticar,
só quero delatar meu querer aos olhos dela
enquanto verso,
carinho enquanto beijo,
e certeza quando penso e falo
e exprimo e corroboro em tríade:
tudo é permitido.
do seu cabelo curto lindo
e cortado,
ou ainda,
da cerveja gelada
que goteja riso e mais riso,
ou ainda
eu ao espelho
ou frente
aos teus olhos
falando do riso dela,
dela tu
delata,
onde o riso aflora
e a alfavaca rija e alta
te perfuma como a noite
e teu suor na língua
que doce,
me altera e nos deglutimos
em riso com as sacolas
na mão,
cheias de conversas
e luzes para compor
fotografias e poemas,
como quem tricota
e ri da própria fala...
um destaque sublime e belo,
e nesse momento,
não quero saber de esteticar,
só quero delatar meu querer aos olhos dela
enquanto verso,
carinho enquanto beijo,
e certeza quando penso e falo
e exprimo e corroboro em tríade:
tudo é permitido.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
poesia é o aterro
um cinzeiro
um beijo
e uma e outras mãos
significando
o que antes poderia
ser
um ato comum,
mas, agora,
um beijo não é só um beijo.
existe algo mais, e ela sabe,
não a poesia,
mas
a mulher que derruba do altar
a patética figura da musa
que me arrasta ao sonho;
é
assim. dessas coisas de paixão e fogo.
um cinzeiro
um beijo
e uma e outras mãos
significando
o que antes poderia
ser
um ato comum,
mas, agora,
um beijo não é só um beijo.
existe algo mais, e ela sabe,
não a poesia,
mas
a mulher que derruba do altar
a patética figura da musa
que me arrasta ao sonho;
é
assim. dessas coisas de paixão e fogo.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
A vida não será facebookada
Da febre;
pouco ar e
muita dor
onde respinga
amarga a mancha
o pulmão dolorido
a tosse
a dor que não sei
bem onde principia,
mas
a sinto como
se fosse
fogo
ateado em minhas roupas
ou ainda espigas atravessadas por agulhas.
Eu também febreio meu Amor.
Vai passar.
Vai sarar.
pouco ar e
muita dor
onde respinga
amarga a mancha
o pulmão dolorido
a tosse
a dor que não sei
bem onde principia,
mas
a sinto como
se fosse
fogo
ateado em minhas roupas
ou ainda espigas atravessadas por agulhas.
Eu também febreio meu Amor.
Vai passar.
Vai sarar.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Emoção não-removível
Os trilhos não passarão por sobre a vida
Os atalhos nem sempre são desvios,
e,
o que se impõem como avanço,
mesmo não sendo novo,
é o mais puro retrocesso.
A memória não é uma estação
onde se deixam bagagens para despacho.
A memória habita o todo,
não o espaço, mas, o lugar...
A imperatividade das botas
e o lustre dos sapatos engraxados
ganha mais força junto ao cassetete,
e ao documento oficial que te obriga
a deixar tua memória debaixo da terra,
tua vivência em baixo da terra e tua própria vida
por debaixo da terra...
Esta rua não leva a nenhum caminho.
E teus trilhos que não são leves,
não nos mostram nada,
a não ser um monstro
que se esconde dentro
da ferrugem,
até dentro do inoxidável vagão italiano,
que de tanto atalho, retalhará a cidade.
E atrelado a tudo isso,
a remoção de vidas, a remoção da memória
a destruição da própria emoção.
O poeta escreve paisagens no muro
De nuvens e janelas
compõem-se um corpo disforme.
O olhar atravessa a porta
e recupera do poço
a memória dos cantos da cidade.
Estas ruas não levam a nenhum caminho.
O porto é a porta da frente,
onde a âncora é o que
te leva para além dos limites.
O vento se deixa retratar
por ondas ocasionadas pelo piscar de um pássaro,
onde as lentes são trocadas
e com isso, o fluxo permanente,
este fruto imaterial
se confunde com a calçada,
neste território intermediário,
onde os passos norteiam árvores
e o caminho solitário
é demarcado como num mapa
ou ainda como um sítio arqueológico
onde a memória vira museu inventado.
O imaterial se enlaça ao ouvido
enquanto promessa e beijos
enquanto
o poeta escreve paisagens no muro
e a cidade o relega sem dar ouvidos,
olhos, ou pior, importância.
De uma janela o olhar se lança
como flecha, ou ainda como uma constelação
de palavras-chave
rodeadas por um cinturão de pomares
e trancas que se rompem com o intento de cada palavra,
onde o invisível é degustado como aquilo que ainda não vemos
e o impossível é um mero detalhe que ainda não foi pensado.
De nuvens e janelas
compõem-se um corpo disforme.
O olhar atravessa a porta
e recupera do poço
a memória dos cantos da cidade.
Estas ruas não levam a nenhum caminho.
O porto é a porta da frente,
onde a âncora é o que
te leva para além dos limites.
O vento se deixa retratar
por ondas ocasionadas pelo piscar de um pássaro,
onde as lentes são trocadas
e com isso, o fluxo permanente,
este fruto imaterial
se confunde com a calçada,
neste território intermediário,
onde os passos norteiam árvores
e o caminho solitário
é demarcado como num mapa
ou ainda como um sítio arqueológico
onde a memória vira museu inventado.
O imaterial se enlaça ao ouvido
enquanto promessa e beijos
enquanto
o poeta escreve paisagens no muro
e a cidade o relega sem dar ouvidos,
olhos, ou pior, importância.
De uma janela o olhar se lança
como flecha, ou ainda como uma constelação
de palavras-chave
rodeadas por um cinturão de pomares
e trancas que se rompem com o intento de cada palavra,
onde o invisível é degustado como aquilo que ainda não vemos
e o impossível é um mero detalhe que ainda não foi pensado.
quinta-feira, 29 de março de 2012
A Arquitetura do Corpo é o Desejo
É quando se emudece
e se eriça e se contempla
e o olho é o tato
e se esperneia
com fino faro
de quem grita
para dentro
em suor pêlo pele
por dentro da carne
segue o riso em apelo
mapeado na mordida dentro da
mordida
da voz digerida
do beijo voraz
que ecoa saindo de si
rumando ao outro
dentro da cadência
calendular
de onde exalam minutos dentro
dos poros
de onde os polos
desenvolvem seus ritos
restauradores nas
mais antigas danças
onde o corpo desenha no espaço
onde a moradia é o ato
o abraço ponte
que eleva ao som
à luz que revela volume
e quebra as barreiras em
um passo
a
passo
que se sabe tridimensional
em razão de sê-lo em Bernini
onde a composição é dinâmica
e corrobora com as mãos
tão perfumadas com
encantos e sonhos melodiosos
onde o intervalo entre as notas
dura por toda a execução da obra
é quando se uiva e se abala
é quando se canta com a voz do delírio
mais roto e suave
como um recorte de arrebol
quando se beija no escuro
é quando se arquiteta em desejo febril
de alucinada contemplação
pró
ativa
no instante onde se demarca
com os olhos o escorço que
se alimenta das palavras
em tons de pele
ou ainda
em sinfonia
com teus cílios
em contraponto
com tuas ancas
e carregado com tuas visões
acumuladas no espelho
com uma delicada luz pontual
onde revelo e amplio
o que miro
com este olhar que me cabe
e onde me entorto
e suspiro
enquanto morremos de mansinho
enquanto tuas unhas marcam o relevo
calamos em cumplicidade
enquanto espermeio.
A Arquitetura do Corpo é o Desejo.
e se eriça e se contempla
e o olho é o tato
e se esperneia
com fino faro
de quem grita
para dentro
em suor pêlo pele
por dentro da carne
segue o riso em apelo
mapeado na mordida dentro da
mordida
da voz digerida
do beijo voraz
que ecoa saindo de si
rumando ao outro
dentro da cadência
calendular
de onde exalam minutos dentro
dos poros
de onde os polos
desenvolvem seus ritos
restauradores nas
mais antigas danças
onde o corpo desenha no espaço
onde a moradia é o ato
o abraço ponte
que eleva ao som
à luz que revela volume
e quebra as barreiras em
um passo
a
passo
que se sabe tridimensional
em razão de sê-lo em Bernini
onde a composição é dinâmica
e corrobora com as mãos
tão perfumadas com
encantos e sonhos melodiosos
onde o intervalo entre as notas
dura por toda a execução da obra
é quando se uiva e se abala
é quando se canta com a voz do delírio
mais roto e suave
como um recorte de arrebol
quando se beija no escuro
é quando se arquiteta em desejo febril
de alucinada contemplação
pró
ativa
no instante onde se demarca
com os olhos o escorço que
se alimenta das palavras
em tons de pele
ou ainda
em sinfonia
com teus cílios
em contraponto
com tuas ancas
e carregado com tuas visões
acumuladas no espelho
com uma delicada luz pontual
onde revelo e amplio
o que miro
com este olhar que me cabe
e onde me entorto
e suspiro
enquanto morremos de mansinho
enquanto tuas unhas marcam o relevo
calamos em cumplicidade
enquanto espermeio.
A Arquitetura do Corpo é o Desejo.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Dístico aos Idos de Março
Temer o futuro não pela ampulheta quebrada,
mas pelas mãos que estancam o tempo presente.
mas pelas mãos que estancam o tempo presente.
quinta-feira, 22 de março de 2012
quarta-feira, 14 de março de 2012
E ainda mais será quando for depois
Olha,
o relógio
também
mastiga parafusos
quando esfomeia
eu mastigo o tempo
e ainda assim,
presumo muita coisa
e
desfaço muito mais
em um
mil
ésimo
de estalo de consciência.
Falta vinho.
Mas vai chover,
água e vinho,
o vinagre
cairá na boca dos poucos - quase muitos - que
odiamos.
Te dou
esta maçã
depois um miojo
e te abraço e penso
nas tintas que uso
e na bagunça
que faço nos discos e nos cílios
que sempre
caem
nos meus olhos
e por
segundos penso em
arrancá-los,
depois,
vejo
que sem eles não dormiria.
Azul
laca amarelo verde
observa
eu tô escrevendo
sobre
amor
esse que nos prepara a cama
sonda o mundo
e arremata sonhos
aos travesseiros nossos
carinhos
para as nossas carnes
vinhos licores
mais líquidos que a ideia de gozar...
te
esperneio
como quem
nada
mergulha
e levita
numa orgia
entre água e corpo
e respinga
atravessa a borda,
escoa e recomeça o ir e o vir,
me ouve,
o teu lápis desliza macio no papel,
eu te ouço
acarinhando o papel com teu soprar
leve e delicado,
vejo teus lábios
se movem
devagar,
assim mesmo,
me seduzindo
como
posso ver
teus olhos
ao passar
a vista
por aqui,
nessa
e nesta
palavra
cheia de bits e bytes
todavia
- nem toda via -,
eu suponho teu canto de boca
naquele
pré-sorriso
lindo e
que tu
o completa de
forma
indescritível...
ainda bem que
posso vê-la
meu Amor,
e assim desejo
e a desejo;
séculos,
noites
polares,
Bosch visto ao vivo,
Baviera - quando o teletrasporte for liberado
cerveja em chuva,
além
do Amor que
temos
e lambemos
os dedos
e os
beiços
enconstados numa árvore
com uma
manguita
sem fiapos
entre as mãos,
e ainda mais será quando for depois.
pois
é
de Amor.
o relógio
também
mastiga parafusos
quando esfomeia
eu mastigo o tempo
e ainda assim,
presumo muita coisa
e
desfaço muito mais
em um
mil
ésimo
de estalo de consciência.
Falta vinho.
Mas vai chover,
água e vinho,
o vinagre
cairá na boca dos poucos - quase muitos - que
odiamos.
Te dou
esta maçã
depois um miojo
e te abraço e penso
nas tintas que uso
e na bagunça
que faço nos discos e nos cílios
que sempre
caem
nos meus olhos
e por
segundos penso em
arrancá-los,
depois,
vejo
que sem eles não dormiria.
Azul
laca amarelo verde
observa
eu tô escrevendo
sobre
amor
esse que nos prepara a cama
sonda o mundo
e arremata sonhos
aos travesseiros nossos
carinhos
para as nossas carnes
vinhos licores
mais líquidos que a ideia de gozar...
te
esperneio
como quem
nada
mergulha
e levita
numa orgia
entre água e corpo
e respinga
atravessa a borda,
escoa e recomeça o ir e o vir,
me ouve,
o teu lápis desliza macio no papel,
eu te ouço
acarinhando o papel com teu soprar
leve e delicado,
vejo teus lábios
se movem
devagar,
assim mesmo,
me seduzindo
como
posso ver
teus olhos
ao passar
a vista
por aqui,
nessa
e nesta
palavra
cheia de bits e bytes
todavia
- nem toda via -,
eu suponho teu canto de boca
naquele
pré-sorriso
lindo e
que tu
o completa de
forma
indescritível...
ainda bem que
posso vê-la
meu Amor,
e assim desejo
e a desejo;
séculos,
noites
polares,
Bosch visto ao vivo,
Baviera - quando o teletrasporte for liberado
cerveja em chuva,
além
do Amor que
temos
e lambemos
os dedos
e os
beiços
enconstados numa árvore
com uma
manguita
sem fiapos
entre as mãos,
e ainda mais será quando for depois.
pois
é
de Amor.
Ode ao Dous de Julho
Era dous de julho. A pugna imensa
Travara-se nos cerros da Bahia...
O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
"Neste lençol tão largo, tão extenso,
"Como um pedaço roto do infinito...
O mundo perguntava erguendo um grito:
"qual dos gigantes morto rolará?!..."
Debrudos do céu... a noite e os astros
Seguiam da peleja o incerto fado...
Era a tocha - o fuzil avermelhado!
Era o Circo de Roma - o vasto chão!
Por palmas - o troar da artilharia!
Por feras - os canhões negros rugiam!
Por atletas - dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro - era a amplidão!
Não! Não eram dous povos, que abalavam
Naquele instante o solo ensanguentado...
Era o porvir - em frente ao passado,
A Liberdade - em frente à Escravidão,
Era a luta das águias - e do abutre,
A revolta do pulso - contra os ferros,
O pugilato da razão - com os erros,
O duelo da treva - e do clarão!...
No entanto a luta recrescia indômita...
As bandeiras- como águias eriçadas -
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz...
Tonto do espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava...
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!...
....................................................................
....................................................................
Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço... e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Foram cantar os hinos do arrebol,
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu - Liberdade peregrina!
Esposa do porvir - noiva do sol!...
Eras tu, com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sagravas a Colúmbia terra,
Sagravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide,
Formada pelos mortos de Cabrito,
Um pedaço de gládio - no infinito...
Um trapo de bandeira - n'amplidão...
Castro Alves
S. Paulo julho de 1868
***
Lembrete ao 14 de março
Lembrai-vos;
O poema abrirá sua cabeça nem que seja com um machado.
Mais um ano e o poema
anda ralo como caldo de bila
e assina cheques em branco
a cada nova eleição.
Sempre a mesma ladainha
e o poema convencido
que é Sísifo, rola sempre
ladeira abaixo,
e quem dá a mão,
o empurra novamente
dado o término das eleições.
O poema vive num recanto bucólico
da cidade, onde o ar é arejado
e as garrafas servem de bóias
num rio poluído com árvores frondosas,
podadas sem esmero e sem preparo
por homens que servem a tirania
das hidrelétricas e ainda maltratam os gatos.
O poema não foi instruido, ele, nem desenha o nome.
Não pode ir ao hospital muito menos
pensar em Estética... o poema come pão de ontem.
Dorme junto aos ratos - os memos que singraram o atlântico
é mordido por cobras e televisores e ainda se emaranha pela cidade,
na busca interminável por víveres,
que na cabeça do bom-burguês, recicla; e assim, respira mais aliviado quando
arremessa pela janela do automóvel uma latinha de coca-cola...
O poema não dorme e, pensar fica difícil
quando o partido de esquerda e da direita
batem punheta no mesmo pau estatal.
O poema não pede esmola, visto que não é lido.
E ele não é visto, nem lido será lembrado.
O poema tem a pela queimada pelo sol,
anda calado e sozinho, tem ombros
caídos e anda como quem rasteja...
O poema sozinho nada pode.
Não serve para nada - é como o poeta!
A relevância do poema é sua revolta.
Quando o delicado cinzél for enterrado,
e a cruz que marca em x a prudência
desnecessária, arrancado será o medo
do mais recôdito neurônio
e junto aos poemas que erguem casas
sangram por vida em meio ao lixo,
o sangue começará
a espirrar da garganta de quem precisa
perder a cabeça...
Lembrai-vos;
O poema abrirá sua cabeça nem que seja com um machado.
O tempo passará e o punho fechado acenará
com todo o corpo dentro de uma composição
menos harmoniosa dentro do padrão de beleza
europeu-branco-cristão-capitalista.
Hoje não é dia de graça, alegria, ou "poesia".
Poesia concreta é uma tijolada na cabeça do Governador;
uma tijolada na cabeça da Prefeita e da Presidenta
- e venham censurar meu poema!!!
"Cuspo-vos na cara !"
;
Lembrai-vos;
O poema abrirá sua cabeça nem que seja com um machado.
Rafael Carvalho
XIV III MMXII
Travara-se nos cerros da Bahia...
O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
"Neste lençol tão largo, tão extenso,
"Como um pedaço roto do infinito...
O mundo perguntava erguendo um grito:
"qual dos gigantes morto rolará?!..."
Debrudos do céu... a noite e os astros
Seguiam da peleja o incerto fado...
Era a tocha - o fuzil avermelhado!
Era o Circo de Roma - o vasto chão!
Por palmas - o troar da artilharia!
Por feras - os canhões negros rugiam!
Por atletas - dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro - era a amplidão!
Não! Não eram dous povos, que abalavam
Naquele instante o solo ensanguentado...
Era o porvir - em frente ao passado,
A Liberdade - em frente à Escravidão,
Era a luta das águias - e do abutre,
A revolta do pulso - contra os ferros,
O pugilato da razão - com os erros,
O duelo da treva - e do clarão!...
No entanto a luta recrescia indômita...
As bandeiras- como águias eriçadas -
Se abismavam com as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz...
Tonto do espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava...
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!...
....................................................................
....................................................................
Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço... e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Foram cantar os hinos do arrebol,
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu - Liberdade peregrina!
Esposa do porvir - noiva do sol!...
Eras tu, com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sagravas a Colúmbia terra,
Sagravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide,
Formada pelos mortos de Cabrito,
Um pedaço de gládio - no infinito...
Um trapo de bandeira - n'amplidão...
Castro Alves
S. Paulo julho de 1868
***
Lembrete ao 14 de março
Lembrai-vos;
O poema abrirá sua cabeça nem que seja com um machado.
Mais um ano e o poema
anda ralo como caldo de bila
e assina cheques em branco
a cada nova eleição.
Sempre a mesma ladainha
e o poema convencido
que é Sísifo, rola sempre
ladeira abaixo,
e quem dá a mão,
o empurra novamente
dado o término das eleições.
O poema vive num recanto bucólico
da cidade, onde o ar é arejado
e as garrafas servem de bóias
num rio poluído com árvores frondosas,
podadas sem esmero e sem preparo
por homens que servem a tirania
das hidrelétricas e ainda maltratam os gatos.
O poema não foi instruido, ele, nem desenha o nome.
Não pode ir ao hospital muito menos
pensar em Estética... o poema come pão de ontem.
Dorme junto aos ratos - os memos que singraram o atlântico
é mordido por cobras e televisores e ainda se emaranha pela cidade,
na busca interminável por víveres,
que na cabeça do bom-burguês, recicla; e assim, respira mais aliviado quando
arremessa pela janela do automóvel uma latinha de coca-cola...
O poema não dorme e, pensar fica difícil
quando o partido de esquerda e da direita
batem punheta no mesmo pau estatal.
O poema não pede esmola, visto que não é lido.
E ele não é visto, nem lido será lembrado.
O poema tem a pela queimada pelo sol,
anda calado e sozinho, tem ombros
caídos e anda como quem rasteja...
O poema sozinho nada pode.
Não serve para nada - é como o poeta!
A relevância do poema é sua revolta.
Quando o delicado cinzél for enterrado,
e a cruz que marca em x a prudência
desnecessária, arrancado será o medo
do mais recôdito neurônio
e junto aos poemas que erguem casas
sangram por vida em meio ao lixo,
o sangue começará
a espirrar da garganta de quem precisa
perder a cabeça...
Lembrai-vos;
O poema abrirá sua cabeça nem que seja com um machado.
O tempo passará e o punho fechado acenará
com todo o corpo dentro de uma composição
menos harmoniosa dentro do padrão de beleza
europeu-branco-cristão-capitalista.
Hoje não é dia de graça, alegria, ou "poesia".
Poesia concreta é uma tijolada na cabeça do Governador;
uma tijolada na cabeça da Prefeita e da Presidenta
- e venham censurar meu poema!!!
"Cuspo-vos na cara !"
;
Lembrai-vos;
O poema abrirá sua cabeça nem que seja com um machado.
Rafael Carvalho
XIV III MMXII
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Postulado Interdisciplinar II
Venom está
para a história da (anti) música
como o
Maneirismo
para história da Arte:
Venom não é só heavy metal
nem só black metal
nem apenas hard core...
Eis uma monstruosidade híbrida;
deformação por excelência.
Figuras humanas com interjeições de medo
alongadas pela ira e pela revolta contida...
Urros em guitarras tocadas por El Greco
além das tintas de Cronos.
para a história da (anti) música
como o
Maneirismo
para história da Arte:
Venom não é só heavy metal
nem só black metal
nem apenas hard core...
Eis uma monstruosidade híbrida;
deformação por excelência.
Figuras humanas com interjeições de medo
alongadas pela ira e pela revolta contida...
Urros em guitarras tocadas por El Greco
além das tintas de Cronos.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Verve Schopenhaueriana
Era como se houvesse alfinete na água,
No vento... Assim doía-lhe o ar nos pulmões
E não havia nada que diminuísse.
No vento... Assim doía-lhe o ar nos pulmões
E não havia nada que diminuísse.
Quase escrevo um poema
A busca da trasparência
seria papel da fotografia?
Mas,
antes que Aristóteles
venha com a noite
e a Beleza, assim por dizer,
se ponha amostrada por entre
os sonhos, ou,
na pena dos anatomistas,
vou cuspindo
meu sangue não por maldade,
ou doença, ou,
nada, na verdade é só para
escrever a palavra sangue como quem escarra,
quando escrevo sangue
eu sinto a leveza de um escarro,
quando por exemplo,
um fascista atravessa a rua
e eu sinto
Lorca dentro da minha cabeço dizendo
"CUSPO-VOS NA CARA!"
Tenho como imagem,
a paisagem da multidão que vomitada,
por sua própria chuva de agonias,
se amontoam marionetadas
por quem
lambe a ferida com ácido.
Eu recorro ao campo imagético
e digo que a fotografia é uma porrada.
A objetiva não faz o translúcido aparecer.
A luz é quem é prismada
e primada é.
Percebo que isto não é um poema.
No entanto, se queres um poema,
busque num livro novo cheio de
a e i o u
onde a composição é clara e coberta de
gentis palavras caprichosamente
lapidadas com cinzel e outras
coisas coisativas do reino da cousificação.
Não me importa a fertilidade
nem a tua superficialidade
nem tua ostentosa futilidade
oriunda da valoração do valor
e da contradição que o money carrega em seu bojo.
Não quero falar da cidade como
falavam os situacionistas,
tampouco utilizar
as velhas fórmulas marxistas,
o problema não é o marxismo, deixo claro,
mas sou do time de Bakunin,
na verdade, não estou organizado...
Proudhon era amigo de Coubert.
Mais uma vez a imagem.
O Realismo não era translúcido,
não era emotivo, era RACIONAL,
o Coitado do Romantismo - enquanto ideia -
que pena, um melodrama bem pintado...
É claro que é mais que isso, mas, agora
não me atentarei minha pouca atenção para isto.
Não sou esteta. Não escrevo poesia,
vomito de cima de uma escada
aspiralada que não alcança a lua por centímetros,
contudo, a lua não me importa.
Tenho saudades.
Ela está longe e,
bem, saudades..
O amor não é trasnparente.
A imagem também não,
nem a imaginação...
nem os vermes que roerão tua carniça
pútrea dentro de um quando,
e lá,
ao atravessar este tempo,
o riso contido
será grandioso.
Leio a sombra do cavalete.
A noite não é um campo minado.
A noite é um encanto mimado.
Tem um policial
batendo em alguém agora.
Isto não é transparente.
Me desculpe, não posso falar de amor.
O amor não serve para ser poemado.
Uma flor não serve para poesia.
Não para a minha.
Vejo minhas olheiras e me questiono
sobre o Renascimento...
à época éramos individualistas como hoje?
Em breve respondo.
Mas agora, neste momento,
passaram-se 4 minutos desde que
a primeira palavra saiu. Nem lembro qual é.
Não me importa.
No porn movies.
Não me importa.
A sombra atravessa os espelho.
Mas isso não importa, há sombra atravessando um espelho?
seria papel da fotografia?
Mas,
antes que Aristóteles
venha com a noite
e a Beleza, assim por dizer,
se ponha amostrada por entre
os sonhos, ou,
na pena dos anatomistas,
vou cuspindo
meu sangue não por maldade,
ou doença, ou,
nada, na verdade é só para
escrever a palavra sangue como quem escarra,
quando escrevo sangue
eu sinto a leveza de um escarro,
quando por exemplo,
um fascista atravessa a rua
e eu sinto
Lorca dentro da minha cabeço dizendo
"CUSPO-VOS NA CARA!"
Tenho como imagem,
a paisagem da multidão que vomitada,
por sua própria chuva de agonias,
se amontoam marionetadas
por quem
lambe a ferida com ácido.
Eu recorro ao campo imagético
e digo que a fotografia é uma porrada.
A objetiva não faz o translúcido aparecer.
A luz é quem é prismada
e primada é.
Percebo que isto não é um poema.
No entanto, se queres um poema,
busque num livro novo cheio de
a e i o u
onde a composição é clara e coberta de
gentis palavras caprichosamente
lapidadas com cinzel e outras
coisas coisativas do reino da cousificação.
Não me importa a fertilidade
nem a tua superficialidade
nem tua ostentosa futilidade
oriunda da valoração do valor
e da contradição que o money carrega em seu bojo.
Não quero falar da cidade como
falavam os situacionistas,
tampouco utilizar
as velhas fórmulas marxistas,
o problema não é o marxismo, deixo claro,
mas sou do time de Bakunin,
na verdade, não estou organizado...
Proudhon era amigo de Coubert.
Mais uma vez a imagem.
O Realismo não era translúcido,
não era emotivo, era RACIONAL,
o Coitado do Romantismo - enquanto ideia -
que pena, um melodrama bem pintado...
É claro que é mais que isso, mas, agora
não me atentarei minha pouca atenção para isto.
Não sou esteta. Não escrevo poesia,
vomito de cima de uma escada
aspiralada que não alcança a lua por centímetros,
contudo, a lua não me importa.
Tenho saudades.
Ela está longe e,
bem, saudades..
O amor não é trasnparente.
A imagem também não,
nem a imaginação...
nem os vermes que roerão tua carniça
pútrea dentro de um quando,
e lá,
ao atravessar este tempo,
o riso contido
será grandioso.
Leio a sombra do cavalete.
A noite não é um campo minado.
A noite é um encanto mimado.
Tem um policial
batendo em alguém agora.
Isto não é transparente.
Me desculpe, não posso falar de amor.
O amor não serve para ser poemado.
Uma flor não serve para poesia.
Não para a minha.
Vejo minhas olheiras e me questiono
sobre o Renascimento...
à época éramos individualistas como hoje?
Em breve respondo.
Mas agora, neste momento,
passaram-se 4 minutos desde que
a primeira palavra saiu. Nem lembro qual é.
Não me importa.
No porn movies.
Não me importa.
A sombra atravessa os espelho.
Mas isso não importa, há sombra atravessando um espelho?
sábado, 21 de janeiro de 2012
Para que ela saiba
Chove e o feijão vai vingar.
No tempo certo, chegará;
colheremos e depois,
colheradas.
No tempo certo, chegará;
colheremos e depois,
colheradas.
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