quarta-feira, 14 de março de 2012

E ainda mais será quando for depois

Olha,

o relógio
também

mastiga parafusos
quando esfomeia

eu mastigo o tempo

e ainda assim,

presumo muita coisa
e
desfaço muito mais
em um

mil
ésimo
de estalo de consciência.

Falta vinho.

Mas vai chover,

água e vinho,

o vinagre

cairá na boca dos poucos - quase muitos - que
odiamos.


Te dou

esta maçã
depois um miojo

e te abraço e penso

nas tintas que uso

e na bagunça
que faço nos discos e nos cílios


que sempre
caem

nos meus olhos



e por
segundos penso em

arrancá-los,
depois,

vejo

que sem eles não dormiria.

Azul

laca amarelo verde

observa

eu tô escrevendo


sobre


amor

esse que nos prepara a cama

sonda o mundo

e arremata sonhos
aos travesseiros nossos



carinhos
para as nossas carnes

vinhos licores
mais líquidos que a ideia de gozar...

te
esperneio


como quem
nada

mergulha


e levita

numa orgia
entre água e corpo



e respinga
atravessa a borda,



escoa e recomeça o ir e o vir,

me ouve,

o teu lápis desliza macio no papel,
eu te ouço


acarinhando o papel com teu soprar
leve e delicado,

vejo teus lábios

se movem
devagar,

assim mesmo,
me seduzindo

como


posso ver
teus olhos

ao passar

a vista


por aqui,

nessa


e nesta

palavra

cheia de bits e bytes

todavia
- nem toda via -,

eu suponho teu canto de boca

naquele

pré-sorriso

lindo e
que tu


o completa de
forma

indescritível...

ainda bem que

posso vê-la
meu Amor,

e assim desejo
e a desejo;

séculos,

noites

polares,

Bosch visto ao vivo,
Baviera - quando o teletrasporte for liberado


cerveja em chuva,

além

do Amor que
temos
e lambemos

os dedos

e os
beiços

enconstados numa árvore


com uma

manguita
sem fiapos


entre as mãos,

e ainda mais será quando for depois.


pois
é
de Amor.

Um comentário:

  1. Ainda lembro daquele dia
    em que você me deu a
    sua companhia, sem pedir nada em troca.

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