quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O dia de hoje.

Morro sempre nessas épocas chuvosas onde nuvens carregadas de tédio e solidão, despencam e descarregam desvarios oriundos da perseguição que faço dentro de mim, na estreita busca da pessoa que possui o meu nome – este acorde solitário menor .

Por vezes, diferencio-me dos insetos pelo simplório fato de racionalizar o meio e imaginar as possíveis ações e suas futuras reações. Mas penso que o mesmo inseto dotado de seu instito por sobrevivência, irá traçar planos de fuga se houver alguma ameaça.

Então, o que diferencia-me de um mero inseto? No fim nós buscamos somente a perpetuação de nossa espécie. Esse é o jogo da evolução e manutenção da vida – este fato tão aclamado que não passa de um acaso maldito.Pois bem, pensei em como as batatas são felizes em sua inconsciência, em sua capacidade de transmutar-se em pirê, em fritas e em mil outras coisas que nossa imaginação possa lembrar.

O melhor das batatas é não possuir sistema nervoso. Esta é a nossa grande tragédia, a nossa mácula maior! Somente por isto as batatas são infinitamente mais felizes do que os insetos e nós, seres humanos dotados de “razão” e “saber”...

Nós somos o acaso mais patético que todo um universo conseguiu presenciar.

Nós somos as mentiras publicadas nos cadernos dos estetas!Remorro sempre que penso nessas coisas... no quanto sentir é uma tarefa amarga e imprestável. Remorso que plana dentro do viver – este desperdício de água, de tempo, de tudo, de tudo e de tudo... Observo as pessoas e não consigo pensar num arranjo que não seja um menor, numa cadência decadente – ora, falamos do gênero humano!-, num tom triste... nós conseguimos transformar o amor numa arma letal, num tipo de veneno que diz-se necessário.

O amor este mesmo que aprisiona, quebra barreiras. Mas não posso comprovar o que digo. Sei que foi esta substância tóxica que um dia me deixou elétrico, trincado, altivo, vivo, de sorriso largo, de braços abertos esperando um abraço do mundo... mas agora, só dão a mão para empurrar.

O amor era um tipo de vinho que virou vinagre e hoje já não serve nem como vinagrete.

Cortam-se cebolas. Mas o molho é produzido com as próprias vísceras... dói um pouco e o estômago enche-se de um ácido não alucinógino que desmonta aquilo tudo que as noites prometeram... e as estrelas, plagiavam luzes, as árvores plagiavam sombras e tudo não passava de um quedar sem consequência. O choro cai como árvore na floresta. Inevitável como o dedal nas cordas do violão de sete cordas.

Do outro lado da janela, não há olhar. Não há mais cabelos para enrolar e nem há teus brincos. Existem dívidas só isso. Não há cantar, não há norte, não há rio, não há chuva, não há mar!Todas as partes daquilo que carrega o meu nome e minha sentença se apossa do vazio. O peito amar-ga e as lembranças voam como numa maldição. Como num filme trash oitentista que o zumbi se arrasta procurando cérebro da meninniha loirinha com uniforme de uma escola estadunidense qualquer, ela corre, corre... mesmo assim, o maldito zumbi com uma só perna – nessa altura da película o namoradinho dela atirou em sua outra perna com uma escopeta que ele tirou de ninguém sabe de onde- pula como gazela manca num pasto verdejante, e continua a perseguí-la... O jovem dá outro turo no zumbi-malígno-do-inferno-da-pedra-do-satanás-da-caveira-preta-dançante-ensanguentada e arranca a outra perna, daí o moço entra em colapso e tem uma morte súbta. A garota olha por cima do ombro e tropeça. Daí o zumbi-malígno-do-inferno-da-pedra-do-satanás-da-caveira-preta-dançante-ensanguentada, arrasta-se e come os cérebros dos dois.Assim é o amor... e não precisa de nenhum porra de busca interior para descobrir nada disso.

O amor foi a pior droga que eu já provei. A ressaca é a mais demorada, mais dolorosa, mais triste... e ainda tem os “flashbacks”! e qualquer cantiga pode fazer qualquer “montanha mágica” desmoronar.Remorro mais uma vez. E o pior que para esse vírus não há cura nem tratamento. “Seria a últma mentira uma canção de amor iluminada pelos astros?” Há um amargor latente aqui dentro... mas sei que a raiva passa e também sei que a alegria já não vai adiante.

Que inveja das batatas!

Um comentário:

  1. Poeta... Meu Poeta, Não fosse eu medíocre faria uma maneira de reconhecê-lo não como um poeta maior, mas como uma sublime e magnífica barata voadora.

    Qualquer coisa é só seguir o voo da esperança!

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