quinta-feira, 8 de outubro de 2009

No minuto final...

O que você diria hoje, se eu ainda pudesse falar o seu nome? Será que leríamos Burroughs juntinhos numa praça qualquer com uma cerveja esquentando ao querer do vento? Sei que você reclamaria do cigarro, mas, também diria que a combinação do perfume junto à fumaça tem qualquer coisa de atraente e sempre que essa combinação é abraçada pelo seu olfato, você evoca[-ava ] momentos [que eram] nossos.

Faltou coragem e primordialmente o que é "o melhor em nós"; Revolta.

Só encontro dentro dos papéis -entre celulose e personagens-, poeira amorfa. Tanto querer vivo, uivante, timbrando loucura e paixão - paixão é a grande revolta!-, desejo e sorrisos idiotas, leves e sinceros... o que sobrou?

Medos. E eles são revisitados todas as noites pela grande onda desracional que grita, pulsa, corre e desanda... despenquei e os joelhos foram ao solo, e depois, o maremoto de lágrimas estourou os pulmões já tão esmagados pela rotina, pela caoticidade e principalmente pelos meus cigarros.

São largos os passos de quem anda no escuro.

E você aponta o dedo para mim, ele aponta o dedo para mim... até parece que há graça... mas, não há. Ando sim, muito descontente. O desejo não passa nem pela minha rua, quanto mais bater à porta...

E foi o "amor" que deu com os ombros fitando os meus olhos enquanto eu adentrava o bar solitário, fétido e sombrio... o "amor" estava com uma camisa estampada naquela maldita noite. Foi até o balcão, pediu uma dose de vodca e exclamou; "Culpado". Logo o "amor" o último credo...

Depois vem Belchior dizer: " Só eu não venço na vida, não ganho dinheiro, não pego mulheres, não faço sucesso! "

E no fim, eu fui o monstro que não respeita nada nem ninguém! Eu que arquitetei tudo, ora, eu sou o crápula, né?! Bem, não é tão simples assim, meu ex-bem! Você há de condizer que não há culpa, não há sentença, não há réu! O que faltou, foi diálogo. E depois do fim, nenhuma conversa resolve.

Fiquem Bem, desejo isso sinceramente. Saibam que não peço desculpas nem baixo minha cabeça e se não quiser ver este maldito que vos escreve, atravessem a rua. Não atravancarei mais o vosso caminho, nem o caminhar.

Todos os caminhos são caducos.

Concluo ofertando minhas mais uivantes condolências aos vivos.


"O desastre tirou o trem dos trilhos."

Um comentário:

  1. Será realmente preciso timbrar com tinta o teu nome de sangue amargo? Você não está "viajando", não! É você sim! E as ânsias desembocam todas aqui dentro. Mas e agora, agradeço ou resmungo? Bufar não resolve e as folhas do passeio público não caem de amarelidão, não... Elas caem como encanto, como empatia, como qualquer música que eu cante com esta voz de monstro. Realmente não faz bem, sabemos disso! Eu continuo com as mágoas enfileiradas em linhas verticais com um fundo amarelo equatorial... "Estranho interessante e próximo"... O que posso fazer?! Se o vento levou o seu nome?

    Fica o vinho barato.
    Fica mais vivo o amar-gor.
    E nada mais.

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