vidro corta o pé
o sangue escorre
a lágrima afoita
pensa no que não será
e que o sentir nojo
e desprezo
não é tão feio
posto que o tédio consome o
dia e a noite é devorada
pela solidão
o vidro corta o pé
bate a ventania
e cega os olhos desatentos
os vermes ocupam os olhos
as bocas as fomes
os casos
os casais
os cascos
as dores martelam e o sangue mistura-se
com a poeira com a loucura
com amargo em minha boca
em meu peito
em meu receio e naquilo que um dia pulsou vivo
amar-gor
as cabeças rolam
e a minha ainda está aqui
se é bom ou não
já não sei
amor e ódio
desterro desprezo
NADA
NADA
NADA
e este poema decadente é um desgosto odioso
mas o nada ocupa o muito de mim
e podem dizer que ele é pós estruturalista
-posto que o pós moderno está ultrapassado
a vida é uma merda
não existe solução para nenhum problema
muito menos os meus
e já estamos numa época que não adianta
fumar maconha ou cheirar qualquer coisa...
tudo é enfadonhamente
igual
"tudo é chato do mesmo jeito"
assim ela falou
e a historinha que a felicidade
vai desabar sobre os homens
é mentira
mentira
não tem saída!
sono
sinto sono e ouço chopin tomando cachaça
atitude inútil
mas o que importa?
eu quero botar fogo no bloco!
eu quero
vomitar
em sua face!
eu quero pôr fogo em tudo e depois
lá
dentro
das ruínas
sentir alegria e chorar!
e fazer tudo
len
ta
m e
n te
comer as tripas de toda a cristandade!
furar os olhos das irmãs
enfiar um abacaxi no orifício anal do padre e do pastor
pôr fogo nas catedrais
depois
ancorar no balcão do bar
morrer lentamente
não tenho pressa
e somos nós as presas de nossas prórias garras!
o sangue escorre do pé
o vidro abocanhou meu dedo
o chão abraçou o copo de vidro
o sangue
a lágrima
a paixão suicidada
o vigor suicida
o sexo apressado
a solidão
a dor em minha cabeça
a solidão
as dívidas
os discos espalhados nas casas
de amigos
amigas
ex-amigas
ex-amigos
as dúvidas
o xadrez medíocre
o soluço
o remorso
o homicídio
a comida fria
o lixo nas ruas
a minha falta de paciência e minha loucura
o meu sectarismo
os meus preconceitos
o meu
descompasso
o meu cigarro apagado
o meu vinho barato
chopin
chopin chopin
chopin
deleite avesso
e passaram anos...
roubaram minha bicicleta
tenho sede
roubaram livros
roubaram discos
roubaram sossegos
roubaram meu riso
e tenho uma amiga doente
-AMANDA, A VIDA NÃO VALE A PENA... MAS NÃO MORRA AGORA!
um amigo de meu irmão morreu hoje
o gato de minha casa foi raptado
e o tédio ocupa meu
tudo
saudade
dos meus 12 anos
onde eu achava que a vida seria
agradável aos 21
eu era feliz naquele tempo!
com mil frases de efeito anticapitalista e tudo mais!
mas hoje,
a vida causa-me nojo!
não quero saber o que vc acha
pode dizer que foi
o pessimismo
ou qualquer outro ismo
eu tenho é medo
é
eu tenho medo
tenho medo de filas!
tenho medo da loucura
medo e nojo das pessoas
eu odeio
eu odeio
eu odeio
medo e ódio não é uma combinação
muito sadia...
mas....
que se foda!
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gostosas poesias...
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