segunda-feira, 1 de março de 2010

Palavras contra o carnaval I

Só agora encontrei forças para escrever sobre o carnaval. Na verdade só agora encontrei o bloco de notas que funciona como memória removível. Dentro desta tarde, alguém está morrendo por inanição, mas, o que diabos temos com isso? O que importa é o nosso MIGO e mais nada. Foda-se a globo, deus e o resto do mundo. Mas bem que as coisas poderiam ser de outra forma...

Segunda de céu azul. Coqueiros balançam ao querer do vento e meus ônibus sempre atrasam... Minha mãe sempre encontra um garrafa vazia nas minhas coisas...

Mas agora as imagens serão editadas, e depois, digitadas, e depois, nada mais haverá. Apenas um monte de entulhos que soterra o aterro deste doente que escreve. Sede e ressaca.

Dentro uma tarde de carnaval, encontrei um cara bêbado com roupas sujas, depois descobri que ele era um grande fã de bebidas e também era guia turístico alternativo: ele apresenta todos os bares aos turistas e pede como gratificação um litro da aguardente mais quente... Este encontro visual foi na quinta anterior ao carnaval. Durante a festa noturna, ele dançou estranhamente causando constrangimentos nas pessoas que também estavam bêbadas e quase desnudas... Ele ficou com a mesma roupa até quarta-feira de cinzas... Sua aparência era cinza como o meu humor de pessoa chata que não dorme.

Noutra tarde, fiquei abobado com a capacidade do gênero humano ser tão desprezível! O "tradicional mela-mela", é uma das coisas mais burras que presenciei em 21 anos de desprezo, ódio e "vida". Fiquei muito puto e fiz um cartaz com a frase: "FAÇAM TAPIOCAS!"... Arranquei risos da "manada de normais" e fiquei ainda mais puto. Uma garota veio falar comigo e disse; toma aqui (estendendo a mão com um punhado de goma) e vai fazer duas pra gente... Ofertei o sorriso mais amarelo do mundo e a mandei aos quintos infernais com um leve movimentar de sobrancelhas...

E depois?

Depois eu soube por intermédio de uns alienígenas que um cara de aproximadamente 28 anos morreu no meio dessa medíocre brincadeira de sujar uns aos outros... Eu não vi nada, mas, tod@s que lá estavam, viram, e contam que ele morreu vítima de uma overdose de goma.

Acreditem!

Seria muito melhor se a multidão tivesse ouvidos para minha voz. Todavia, o problema não é a multidão com seus passos definidos pela dança da chapeuzinho, ou do rebolation, não! O problema: eu. Acompanhe o raciocínio: 20 mil pessoas numa praça e apenas eu penso no quanto o mundo é triste, e como todas as suas realidades são falsas e todas as pessoas são problemas futuros... Eu sou o problema... Por quais motivos estas cabras que pastam estariam erradas?

E agora?

EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Homem que iniciou a campanha "FAÇAM TAPIOCAS!" foi brutalmente espancando pelos foliões da praça principal da cidade de Beberibe - o carnaval mais perigoso do Ceará, segundo a própria polícia Assassina - onde despejaram aproximadamente 500 mil toneladas de goma por metro quadrado.

O homem que ainda não foi identificado teve 38 perfurações. Morreu ali mesmo, no meio da grama coberta de goma. Onde ele foi derrubado, formou-se uma grande poça de sangue, logo, foi feita uma massa com sangue, goma, manteiga e ovos. Estava tudo bem, pois, haveria dentro de pouco tempo, um novo quitute carnavalesco.

E agora?

É isso. Nada de novo, ou, feliz. No mais, rasurei propagandas, urinei na porta da igreja, blasfemei. Escapei de algumas gomadas e fui ao mar. Tomei banho e fiquei vermelho... Só para não perder o final infeliz; a maré levou meus óculos escuros - Jonas, preciso de seus óculos mais do que nunca!


E depois?

Mais um bêbado fazendo "bebice"; dançando hipnotizado por sua sombra.

E agora?

Agora eu era.

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