terça-feira, 30 de março de 2010

A revolta e a calma...

Há 92 dias o corpo de meu Pai dorme.
A tarde leva a lágrima e acendo um cigarro.

terça-feira, 23 de março de 2010

Indançável

No cretáceo,
a primeira borboleta pousou na primeira flor
e o
último dinossauro apodrecia ao meu lado,

Ela dançava,
e eu estava no México,
experimentando nachos.

Eu olhava a lua,
ela dançava enquanto eu ficava tonto...

Depois,
vimos o mesmo pergaminho em Tebas,
mas nossos horários eram diferentes...
- dentro de outro depois,
ela foi até Pompéia
e
bebeu do vinho
da ânfora mais adornada.

Mais uma vez ela dançou.

Antes disso,
encontrei dentro do fracasso
um palhaço fora do circo.

Depois um espelho estava
em cacos.

Um embaraço sem tamanho!
Depois toquei música indançável.

Ela ainda dançava dentro do ônibus espacial.

Depois, quer dizer,
antes,
tentei falar com a dançarina,
mas não encontrei nenhuma frase.
Depois ela dançou outra vez.

Ela dança dentro da estação espacial?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Borboleta


Notícia para quem está no Crato.

Tomara que o disco dure mais 70 décadas!
Tomara que sua agulha seja forte e altiva!
Tomara que um dia possamos nos rever!

E se vc quiser escrever, que seja por querer!
Desculpe se de alguma forma,
Desfiz seu gosto e cobrei a tal carta!

segunda-feira, 15 de março de 2010

15 de Março

Postagem de número 100, ainda sem noção e sem qualquer predileção pelo bom senso. Escrevendo torto, ainda cansado e de malas prontas para o embarque no vagão da morte.

8030 dias de pura decadência. Nunca gravei com nenhuma das tantas bandas que já "toquei".Desfiz todas as promessas da infância. Não toco violino e meus sonetos precisam de gesso. Tô sem grana, mas, não tenho muitas dívidas.

Estou encantado por uma garota e não tenho coragem suficiente para dizê-la o tamanho deste encanto. Não sei se fiz bem em entregá-la uma folha azul com muitas letras colhidas em devaneios...

Mas um dia dentro deste ano-novo, perguntarei com os olhos fitando o chão e voltando aos seus olhos - como num zigue-zague-; um café?

Como assim comemorar mais um ano de vida? Este ano meu Pai não perguntará: "...são quantos anos mesmo?"... Que o cancêr venha rápido! Fumemos mais e mais! Ah, que mistério possui a morte... até outro dia.

Ontem foi o de Castro Alves e também o dia da Poesia. O que ele achava?

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Caneta de tinta preta

Minha caneta de tinta preta
é minha companheira e minha confidente.
Nunca se desespera,
ao contrário,
ocupa o meu desespero e o transparece em tinta.

Sabe de minhas escolhas e de minhas perguntas.

Num quase desespero suplico ajuda.
O juízo acabou.

Caneta, eu não quero mais ser
ser humano,
eu quero ir embora na sua tinta para longos sonhos...
mesmo sabendo de suas dores...

Caneta,
lanço uma proposta: fuja!
Liberte-se de mim!
Sou eu quem a sufoca.

Liberte-se de mim!
Vá, sonhe e escreva sua história, e se puder,
minta sobre minha pessoa, fale que eu era feliz.

04 setembro 06

sexta-feira, 12 de março de 2010

Postulado

A paixão é
uma maçã-do-amor
adornada com navalhas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Daquele abraço...

Na verdade, estou cheio de uma estranha euforia que pode muito bem não ser nada depois de um punhado de tempo, ou, pode ser o contrário... pode? pode? vc iria comigo num vagão destes perigosos trilhos?

Escutaríamos Etta James e mastigaríamos nuvens, lamberíamos músicas atonais - seríamos "junkies"?! -, ou quem sabe não.

Ou nada não, é só loucura...

Mas que voz é essa que você possui, hein, hein, hein, hein, hein, hein, hein? Que maciez... será que ao xingar ela também possui toda esta tonalidade? - você xinga?

Sou apenas um bicho curioso... às 23 horas cheinho de nadas e café. Escutei Floyd e fiquei com a lembrança do seu abraço mais avivada... - sabia que gelei?!... Ainda bem que você não possui nome, e assim sendo, só nós saberemos...

Será que você leu o que há tempo preparei?
Por quais motivos sinto esta ânsia fora do comum?
Você gosta de plantas?
Você gosta de jujubas?
Você respira como o resto da humanidade?
...
Você acreditava em vida pós-parto?
...
PIEGAS!

Só isso.
Esse tipo de coisa não se diz mais.
Etta sabe... -eu sei que ela sabe.

No mais,

"com borboletas no estômago".
[ em pensar que quase falei algo... faltou o quê? vamos, dou um doce - não é lsd! - para a resposta certa, vamos lá, responda, estamos ao vivo para o resto do mundo...

temos alguém na linha!
alô? alô! quem fala? é o fulano e eu sei a resposta! pois sim, diga, queremos ouví-la! ele tava era com medo! você poderia repetir? ele ta... alô? va com... alô? hã? temos um problema técnico ( voz em off; corta, tira ele do ar, apresente os comerciais!) pois bem, temos como patrocinador do nosso programa: grite que eu te chuto, sabão pavão misterioso!]




...


Daquele abraço... daquele abraço eu num deslembro!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Palavras contra o carnaval I

Só agora encontrei forças para escrever sobre o carnaval. Na verdade só agora encontrei o bloco de notas que funciona como memória removível. Dentro desta tarde, alguém está morrendo por inanição, mas, o que diabos temos com isso? O que importa é o nosso MIGO e mais nada. Foda-se a globo, deus e o resto do mundo. Mas bem que as coisas poderiam ser de outra forma...

Segunda de céu azul. Coqueiros balançam ao querer do vento e meus ônibus sempre atrasam... Minha mãe sempre encontra um garrafa vazia nas minhas coisas...

Mas agora as imagens serão editadas, e depois, digitadas, e depois, nada mais haverá. Apenas um monte de entulhos que soterra o aterro deste doente que escreve. Sede e ressaca.

Dentro uma tarde de carnaval, encontrei um cara bêbado com roupas sujas, depois descobri que ele era um grande fã de bebidas e também era guia turístico alternativo: ele apresenta todos os bares aos turistas e pede como gratificação um litro da aguardente mais quente... Este encontro visual foi na quinta anterior ao carnaval. Durante a festa noturna, ele dançou estranhamente causando constrangimentos nas pessoas que também estavam bêbadas e quase desnudas... Ele ficou com a mesma roupa até quarta-feira de cinzas... Sua aparência era cinza como o meu humor de pessoa chata que não dorme.

Noutra tarde, fiquei abobado com a capacidade do gênero humano ser tão desprezível! O "tradicional mela-mela", é uma das coisas mais burras que presenciei em 21 anos de desprezo, ódio e "vida". Fiquei muito puto e fiz um cartaz com a frase: "FAÇAM TAPIOCAS!"... Arranquei risos da "manada de normais" e fiquei ainda mais puto. Uma garota veio falar comigo e disse; toma aqui (estendendo a mão com um punhado de goma) e vai fazer duas pra gente... Ofertei o sorriso mais amarelo do mundo e a mandei aos quintos infernais com um leve movimentar de sobrancelhas...

E depois?

Depois eu soube por intermédio de uns alienígenas que um cara de aproximadamente 28 anos morreu no meio dessa medíocre brincadeira de sujar uns aos outros... Eu não vi nada, mas, tod@s que lá estavam, viram, e contam que ele morreu vítima de uma overdose de goma.

Acreditem!

Seria muito melhor se a multidão tivesse ouvidos para minha voz. Todavia, o problema não é a multidão com seus passos definidos pela dança da chapeuzinho, ou do rebolation, não! O problema: eu. Acompanhe o raciocínio: 20 mil pessoas numa praça e apenas eu penso no quanto o mundo é triste, e como todas as suas realidades são falsas e todas as pessoas são problemas futuros... Eu sou o problema... Por quais motivos estas cabras que pastam estariam erradas?

E agora?

EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Homem que iniciou a campanha "FAÇAM TAPIOCAS!" foi brutalmente espancando pelos foliões da praça principal da cidade de Beberibe - o carnaval mais perigoso do Ceará, segundo a própria polícia Assassina - onde despejaram aproximadamente 500 mil toneladas de goma por metro quadrado.

O homem que ainda não foi identificado teve 38 perfurações. Morreu ali mesmo, no meio da grama coberta de goma. Onde ele foi derrubado, formou-se uma grande poça de sangue, logo, foi feita uma massa com sangue, goma, manteiga e ovos. Estava tudo bem, pois, haveria dentro de pouco tempo, um novo quitute carnavalesco.

E agora?

É isso. Nada de novo, ou, feliz. No mais, rasurei propagandas, urinei na porta da igreja, blasfemei. Escapei de algumas gomadas e fui ao mar. Tomei banho e fiquei vermelho... Só para não perder o final infeliz; a maré levou meus óculos escuros - Jonas, preciso de seus óculos mais do que nunca!


E depois?

Mais um bêbado fazendo "bebice"; dançando hipnotizado por sua sombra.

E agora?

Agora eu era.

Palavras contra o Carnaval II

Ouvindo o que o vento-de-chuva diz,
provei do inevitável.

As chuvas só aumentavam
tendo a lua como rumo.

Acostumar-se com
o café sem gosto é a maior impotência.

Molhado e com frio.
21 carnavais e em nenhum fui feliz.

Nota solta número 2765

O vento ainda toca a canção que que só os galhos sabem dançar e Gabriel brinca.
Dentro desta brincadeira há um mapa que leva ao reino da felicidade e só gabriel sabe onde ela está.