Rebuscar o nada é tarefa fácil para quem nasceu para o infortúnio.
Mas não falaremos do prólogo, nem dos "socialistas-amarelos", nem dos judeus nazistas, nem das agonias que enevoam escassos pensamentos deste maldito que transfere com tinta preta, amar-guras de ontem e do eterno agora. Todo e qualquer esforço é vão. Qualquer verdade vira mentira... E paradoxalmente até os mais libertários desmascaram-se vez por outra, mostrando aos ventos a verdadeira face do autoritarismo e do preconceito, equiparando-se com qualquer cristão-burguês mesquinho e
hipócrita.
Mas não quero falar de mim, nem de nada... No entanto, um olhar deixou-me inquieto. Não sei bem o que se passa, não entendo o que penso, muito menos o que rola no campo da emoção...
Mistura-se dentro duma tarde o sentimento de nojo, um olhar de fúria e um cigarro. Depois, a noite leva um vinho barato ao banco verde. Depois, um jardim, um teatro e um muro florido. E depois de muito tempo, sorrisos.
- Será um "doce de sal"?
Sei que os olhos ficaram vermelhos, as pernas lentas e as palavras apoemadas... Listas de palavras foram feitas e recitadas - Buñuel teria filmado - ! Foi algo surreal, inesperado e intensamente febrio.
Pensei no quanto seria "belo e sublime" andarilhar caminho certo. Fazer tratos e cumprí-los. Mas, a recíproca é infértil.
E tudo volta e re-volta ao reino do fracasso. Do tédio, da lama e da vodca.
Prefiro não sonhar mais.
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