|
|
|
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A verdade sobre deus
Contrato tácito das pessoas que dormem...
O mundo em que vivemos assenta num contrato tácito entre os conformistas amorfos e cujo conteúdo é o seguinte:
1) Aceito a competição como base do nosso sistema social e econômico, mesmo se tenho consciência que o seu funcionamento gera frustração e cólera por entre a esmagadora maioria dos perdedores.
2) Aceito ser humilhado ou explorado na condição de também eu humilhar e explorar quem quer que se encontre abaixo de mim na hierarquia social.
3) Aceito a exclusão social dos marginais, desadaptados e dos fracos em geral, uma vez que a integração social tem que ter limites.
4) Aceito remunerar os bancos a fim destes investirem o meu salário conforme as suas conveniências, mesmo sem receber qualquer dividendo pelos seus gigantescos lucros. Aceito igualmente que os bancos me exijam uma comissão elevada para me emprestarem dinheiro que não é outro senão o dos seus clientes.
5) Aceito que permanentemente sejam congeladas e sejam lançados foras toneladas de alimentos a fim que os preços não baixem, o que é preferível a dá-los às pessoas necessitadas e que permitiriam salvar algumas centenas de milhares de pessoas
mesmo impedir) qualquer substituição, mesmo se vier a descobrir um qualquer meio gratuito e ilimitado de produzir energia, o que seria uma grande perda e prejuízo elevado para o nosso sistema da fome, cada ano que passa.
6) Aceito que seja expressamente proibido pôr fim aos seus dias, mas que seja perfeitamente tolerável que se vá morrendo aos poucos ao inalar-se ou ingerir-se substâncias tóxicas autorizadas pelos Estados.
7) Aceito que se faça a guerra para fazer reinar a paz. Aceito que em nome da paz a primeira despesa pública dos Estados seja para o orçamento do exército. Aceito igualmente que os conflitos sejam criados artificialmente a fim de garantir o escoamento dos stocks de armas e de fazer girar a economia mundial.
8) Aceito a hegemonia do petróleo sobre a nossa economia, muito embora se trate de uma economia de elevado custo e geradora de poluição, pelo que estou de acordo em travar (e econômico.
9) Aceito que se condene a morte do próximo, salvo se o Estado decretar que se trata de um inimigo, caso esse em que devemos então encorajar a que seja morto.
10) Aceito que se divida a opinião pública criando partidos de direita e partidos de esquerda, que passarão o seu tempo a combater-se entre si, dando a impressão de fazer avançar o sistema. Aceito, além disso, todas as divisões possíveis e imagináveis, visto que elas me permitirão canalizar a minha cólera para os tais inimigos referenciados, e cujo retrato será agitado perante os meus olhos.
11) Aceito que o poder de moldar e formatar a opinião pública, outrora entregue às religiões esteja hoje nas mãos dos negociantes, não eleitos democraticamente e que são totalmente livres de controlar os Estados, já que estou plenamente convencido do bom uso que não deixarão de fazer daquele poder sobre a opinião pública.
12) Aceito a idéia que a felicidade se resume ao conforto, amor ao sexo, e à liberdade de satisfazer todos os desejos, pois é isso que a publicidade não se cansa de me transmitir. Quanto mais infeliz, mais eu hei-de consumir, e ao desempenhar com competência este meu papel, estou a contribuir para o bom funcionamento da nossa economia.
13) Aceito que o valor de uma pessoa seja medido em função da sua conta bancária, assim como a sua utilidade social esteja dependente da sua produtividade, e não tanto da suas qualidades, pelo que será excluído do sistema quem não se mostre suficientemente produtivo.
14) Aceito voluntariamente que sejam prodigamente pagos os jogadores de futebol e os atores e atrizes, e a um nível muito inferior os professores e médicos, profissionais encarregados da educação e da saúde das futuras gerações.
15) Aceito que sejam lançados para os lares, especialmente destinados para esse fim, as pessoas de idade, cuja experiência poderia ser útil, uma vez que sendo nós a civilização mais evoluída do planeta (e, sem dúvida, do universo) sabemos bem que a experiência não se partilha nem se transmite.
16) Aceito que todos os dias sejam apresentadas as notícias mais terríficas e mais negativas do mundo a fim que possa apreciar até que ponto é normal e possa dar-me por satisfeito a sorte que tenho em viver numa sociedade ocidental, tanto mais que incutir o medo nos nossos espíritos só pode ser benéfico para todos nós.
17) Aceito que os industriais, os militares e os políticos se reúnam regularmente para tomar decisões, sem nos consultar, sobre o futuro da vida e do planeta.
18) Aceito consumir carne bovina tratada com hormônios sem que eu esteja informado sobre o assunto. Aceito que a cultura dos transgênicos se expanda por todos os lugares do mundo, permitindo às transnacionais do setor agro-alimentar patentear as sementes, recolher dividendos e colocar sob o seu jugo toda a agricultura mundial.
19) Aceito que os grandes bancos internacionais emprestem dinheiro aos países desejosos de adquirir armamento, escolher aqueles que farão a guerra e os que a não farão. Estou plenamente consciente que mais vale financiar as duas partes beligerantes a fim de estar seguro que o conflito possa durar o mais tempo possível, de modo a ser possível pilhar os seus recursos caso não possam reembolsar os empréstimos recebidos.
20) Aceito que as empresas multinacionais se abstenham de aplicar os progressos sociais do ocidente nos países desfavorecidos. Considerando que é uma verdadeira beleza vê-los a trabalhar, prefiro que seja permitido o trabalho de crianças em condições infra-humanas e precárias e que, em nome dos direitos do homem e do cidadão, não haja o direito de ingerência nesses assuntos.
21) Aceito que os políticos possam ter uma duvidosa honestidade e, por vezes, sejam corruptos, perante as fortes pressões de que eles são alvos, desde que para a maioria dos cidadãos a regra seja a tolerância zero.
22) Aceito que os laboratórios farmacêuticos e os industriais do setor agro-alimentar vendam aos países subdesenvolvidos produtos fora do prazo ou com componentes cancerígenas, e que estejam interditas no ocidente.
23) Aceito que o resto do mundo não-ocidental possa pensar diferentemente de nós, sob a condição de não virem para cá exprimir as suas crenças, e ainda menos tentar explicar a nossa História com as suas noções filosóficas primitivas.
24) Aceito a idéia que não existe senão duas possibilidades na natureza, a saber: caçar ou ser caçado. E se somos dotados de uma consciência e de linguagem, não é com certeza para saber escapar a esta dualidade, mas sim para justificar porque é que agimos assim.
25) Aceito considerar o nosso passado como uma sucessão ininterrupta de conflitos, conspirações políticas e de vontade para obter hegemonias, mas eu sei que hoje tudo isso já não existe porque estamos no apogeu da evolução humana, e que as únicas regras que regem o nosso mundo são à busca da felicidade e da liberdade de todos os povos, tal como ouvimos dizer constantemente nos discursos políticos.
26) Aceito sem discutir e considero como verdades todas as teorias propostas para explicar o mistério das nossas origens. Além disso, aceito que a natureza tenha demorado milhões de anos para criar um ser humano, para o qual o único passatempo é a destruição da sua própria espécie daqui a alguns instantes.
27) Aceito que a procura do lucro seja o fim último da Humanidade, e que a acumulação das riquezas seja realização efetiva da vida humana.
28) Aceito a destruição das florestas, a quase destruição da fauna marítima dos rios e oceanos. Aceito o aumento da poluição industrial e a dispersão de venenos químicos e de elementos radioativos na natureza. Aceito a utilização de todas as espécies de aditivos químicos na minha alimentação, porque estou convencido que, se aí são introduzidos, é porque são úteis e desprovidos de risco.
29) Aceito a guerra econômica que se alastra pelo planeta, mesmo se sinto que ela nos conduz para uma catástrofe sem precedentes.
30) Aceito esta situação e admito que não posso fazer absolutamente nada para a mudar ou melhorar.
31) Aceito ser tratado como besta, pois feitas às contas, penso que não valho mais que isso.
32) Aceito não levantar qualquer questão, de fechar os olhos a tudo isso e em não me opor a nada, uma vez que estou demasiado ocupado com a minha vida e já tenho preocupações que me cheguem. Aceito mesmo defender até à morte este contrato se me pedirem.
33) Aceito, pois, consciente e voluntariamente, este meu triste destino contratual que me colocaram à frente dos olhos e que vou assinar, apesar de tal me impedir de ver a realidade das coisas.
Nota final:
Caso estejas contra e recusas subscrever este contrato, podes em alternativa começar por utilizar os recursos que a amizade e o amor, a fraternidade e a responsabilidade partilhada, te oferecem e passar a refletir, a conceber, a ousar e a tecer uma teia não-venenosa, mas saudável, para manter vivo o nosso planeta e garantir à Humanidade o direito a viver com justiça e liberdade.
Todo atraso é demais.
Os grandes só são grandes quando estamos de joelhos! Levantemos!
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Sequestrei Belchior!
Depois da ressaca, não sabia mais o que fazer, ou, pensar...
Fiquei com Lorca, vinho e cigarro. Pensei na Luta de Classes e desisti daquilo que os místicos chamam de "revolução". Hoje creio mais no ódio do que no amor. "O amor é efêmero, o ódio é eterno".
Voltei para a querida vodca e pensei num plano... Sequestraria uma ex-famoso que vive somente de coletâneas pífias e recebe mensalmente uma boladinha dos direitos autorais... Alguém que se rendeu há muito... Fagner... Não, ele é o queridinho do Tasso! Ora, Belchior!
Pego uma grana e depois de um tempo, ele ainda sai lucrando com a venda de cds!!!
"É isso!"
Sequestrei Belchior!
Quem quiser autógrafo, ligue em horário comercial...
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Aspas
Um caminho invisível, ininteligível, uma força puramente contrária. A vida escapa por entre os dedos de forma amarga. E dentro da noite vejo as ondas de transmissão das televisores e escorrego
nas calçadas cantarolando um hino de horror e caos. Uma quase morte dança do outro lado da rua.
Sincroniza os gritos oriundos dos campos em chamas e com as cinzas do trigo, alimenta o nada.
-Engula e deixe que ele o degluta! deixe o nada embeber suas carnes como um inseto entre a salaiva de um aracnídeo predadror!
E na calçada havia um bêbado que dizia: " não há razão para fazer planos, pois, eles podem ter generosos resultados de intranquilidade."
Desalento."
Porfírio C. De S.
sábado, 8 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
15 segundos mais velho
Cena 1
Alguém vaga na madrugada, com um nome na cabeça boca e garganta.
Cena 2
[ na casa da dona do nome ]
O mesmo alguém romanescamente joga pedras na janela às 2:00 da manhã reticenciando solidão enquanto latem os cachorros, e, o bêbado balbucia o nome daquela mulher que não abria a porta, não atendia aos telefonemas e parecia ter medo do escuro, pois, dormia com a luz acesa.
Cena 3
Os cachorros param de latir e uivam.
A noite já é toda pesadelo.
Cena 4
[ o banho ]
Antes do banho o personagem retira da carteira 1,5 g de cocaína e a prepara. Toma banho e cheira todas a fileiras. Em seguida a taquicardia o leva ao chão.
Cena 5
Enquanto o personagem treme, o chuveiro é posto em foco e acionado. A água vai de encontro com a lente e o rolo termina.
Contido pelo conteúdo
Humberto Teixeira
A noite é um territótio inóspito e populoso. Por vezes, esta pantera de um olhosó, encanta estrelas e decompõe os sentimentos humanos só para um sambista fazer mais um samba, ou, um poeta ralo gritar o nome da amada, da amante, ou, coisas piores.
Uma vez um pensonagem que colava cartazes nos postes foi seguido por um fascista.
Os cartazes diziam; "você não é seu salário", "você não é seu celular" e "você não é seu carro".
Um parafraseado bobo, mas, para o personagem em questão, fazia sentido, pois, ela deixava a abstinência de lado.
Depois ele foi brincar de ciranda com um canudo.
Depois ele teve uma overdose.
Depois ele morreu.
Por quais motivos a vida é tão longa?!
Por quais motivos as pessoas são tão idiotas?!
Preciso de Burroughs e sexo e drogas e grind core.
A noite passou apertada entre as superfícies lisas e quentes... Para depoisencontrar a mucosa e aliviar a sanidade.
Prefiro ver David Lynch.
E a palavra astuta atravessa a noite de carona com a insônia... Pernas dormentes. Língua dormente e dor não mente. Os olhos da mosca passeiam pelo livro aberto de Camus... e já sou a mais pura indefinição nesses dias sem noite... às vezes escondo-me no banheiro, ou na penumbra dos postes, ou, das esquinas.
POEMA
Não apague o meu poema
tal como o vento
apagou meu cigarro.
Não apague o poema
como meu amor foi
sufocado
e se algum alguém
tiver de morrer,
que seja você.
Morra lindamente.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Movimento dos barcos
Estou Cansado E Você Também
Vou Sair Sem Abrir A Porta
E Não Voltar Nunca Mais
Desculpe A Paz Que Lhe Roubei
E O Futuro Esperado Que Nunca Lhe Dei
É Impossível Levar Um Barco Sem Temporais
E Suportar A Vida Como Um Momento Além Do Cais
Que Passa Ao Largo Do Nosso Corpo
Não Quero Ficar Dando Adeus
As Coisas Passando
Eu Quero É Passar Com Elas
E Não Deixar Nada Mais Do Que Cinzas De Um Cigarro
E A Marca De Um Abraço No Seu Corpo
Não, Não Sou Eu Quem Vai Ficar No Porto Chorando
Lamentando O Eterno Movimento Dos Barcos.