quarta-feira, 30 de maio de 2012

sábado, 26 de maio de 2012

poesia é o aterro
um cinzeiro
um beijo
e uma e outras mãos
significando
o que antes poderia
ser
um ato comum,
mas, agora,
um beijo não é só um beijo.
existe algo mais, e ela sabe,
não a poesia,
mas
a mulher que derruba do altar
a patética figura da musa
que me arrasta ao sonho;
é
assim. dessas coisas de paixão e fogo.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A vida não será facebookada

Da febre;
pouco ar e
muita dor

onde respinga
amarga a mancha
o pulmão dolorido
a tosse
a dor que não sei
bem onde principia,
mas
a sinto como
se fosse
fogo
ateado em minhas roupas
ou ainda espigas atravessadas por agulhas.

Eu também febreio meu Amor.

Vai passar.
Vai sarar.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dístico sobre a serenidade



Muito cuidado com o sereno
à sua garganta é um veneno...

Emoção não-removível


Os trilhos não passarão por sobre a vida

Os atalhos nem sempre são desvios,
e,
o que se impõem como avanço,
mesmo não sendo novo,
é o mais puro retrocesso.

A memória não é uma estação
onde se deixam bagagens para despacho.
A memória habita o todo,
não o espaço, mas, o lugar...
A imperatividade das botas
e o lustre dos sapatos engraxados
ganha mais força junto ao cassetete,
e ao documento oficial que te obriga
a deixar tua memória debaixo da terra,
tua vivência em baixo da terra e tua própria vida
por debaixo da terra...

Esta rua não leva a nenhum caminho.
E teus trilhos que não são leves,
não nos mostram nada,
a não ser um monstro
que se esconde dentro
da ferrugem,
até dentro do inoxidável vagão italiano,
que de tanto atalho, retalhará a cidade.
E atrelado a tudo isso,
a remoção de vidas, a remoção da memória
a destruição da própria emoção.

O poeta escreve paisagens no muro


De nuvens e janelas
compõem-se um corpo disforme.

O olhar atravessa a porta
e recupera do poço
a memória dos cantos da cidade.

Estas ruas não levam a nenhum caminho.

O porto é a porta da frente,
onde a âncora é o que
te leva para além dos limites.

O vento se deixa retratar
por ondas ocasionadas pelo piscar de um pássaro,
onde as lentes são trocadas
e com isso, o fluxo permanente,
este fruto imaterial
se confunde com a calçada,
neste território intermediário,
onde os passos norteiam árvores
e o caminho solitário
é demarcado como num mapa
ou ainda como um sítio arqueológico
onde a memória vira museu inventado.

O imaterial se enlaça ao ouvido
enquanto promessa e beijos
enquanto
o poeta escreve paisagens no muro
e a cidade o relega sem dar ouvidos,
olhos, ou pior, importância.

De uma janela o olhar se lança
como flecha, ou ainda como uma constelação
de palavras-chave
rodeadas por um cinturão de pomares
e trancas que se rompem com o intento de cada palavra,
onde o invisível é degustado como aquilo que ainda não vemos
e o impossível é um mero detalhe que ainda não foi pensado.


De nuvens e janelas
compõem-se um corpo disforme.

O olhar atravessa a porta
e recupera do poço
a memória dos cantos da cidade.

Estas ruas não levam a nenhum caminho.

O porto é a porta da frente,
onde a âncora é o que
te leva para além dos limites.

O vento se deixa retratar
por ondas ocasionadas pelo piscar de um pássaro,
onde as lentes são trocadas
e com isso, o fluxo permanente,
este fruto imaterial
se confunde com a calçada,
neste território intermediário,
onde os passos norteiam árvores
e o caminho solitário
é demarcado como num mapa
ou ainda como um sítio arqueológico
onde a memória vira museu inventado.

O imaterial se enlaça ao ouvido
enquanto promessa e beijos
enquanto
o poeta escreve paisagens no muro
e a cidade o relega sem dar ouvidos,
olhos, ou pior, importância.

De uma janela o olhar se lança
como flecha, ou ainda como uma constelação
de palavras-chave
rodeadas por um cinturão de pomares
e trancas que se rompem com o intento de cada palavra,
onde o invisível é degustado como aquilo que ainda não vemos
e o impossível é um mero detalhe que ainda não foi pensado.
Ponto
e linha
sobre fundo
poema reta
com soluço
lira porca
rota torta...

em suma; um abraço em Augusto dos Anjos.