terça-feira, 17 de março de 2009

Crônica Ébria

Por vezes eu caio num copo de vinho e afogo-me, como se o líquido pudesse afagar-me... Eu me entrego. Peço uma porção de bolinhas de soja e mais uma cerveja. Vou ao banheiro com a felicidade de quem joga um sapato inutilizável fora e calçará em poucos instantes, um bem mais confortável... É assim com a cerveja também.

Ouço umas músicas etílicas e acabo cantarolando como qualquer bêbado chato. Depois penso nas mulheres que amei, que amo e desamo. Algumas vezes bate uma saudade, e talvez por isso eu tenha dado em cima da garçonete, mas qual era o nome dela mesmo? Não lembro...

Sei que ouvi Sérgio Sampaio como quem ouve Chopin... Claro que a garçonete não ficou comigo... É estranha a vida dessas pessoas que não possuem alegrias tão grandes e só acabam encontrando numa mesa, num balcão... E a loucura estende-se... Não é somente durante a noite que a loucura apresenta-se aos olhos desatentos e lacrimosos, não... A loucura depois atende pelo nome de ressaca, muitas vezes com uma boa dose de lirismo e água, até que a dita "manhã seguinte" pode ser um pouquinho mais tolerável... Ou não.

O pior não é a ressaca puramente corpórea, não, existe a pior ressaca de todas... A moral. Quem aprecia o álcool sabe do que estou falando. Mas não é só tristeza, dor e melancolia que cabe e descabe na vida do alcoólatra em potencial. Existem momentos divertidos, loucos, bizarros, excitantes... Hoje foi um desses dias... Acordei numa cama que não era a minha, com uma garota que eu não lembrava muito bem quem era ao lado... Fui ao banheiro que não era o lá de casa, urinei amareladamente, lavei as mãos e dei descarga. Em seguida tomei um banho. Quando voltei ao quarto, ela estava estendida ao chão, num poço de vômito... morta. Era Janis Joplin.

Depois da cena posta no último parágrafo, acabei lembrando de um trecho da música "Nostradamus" do Eduardo Duzek: “Levanta, me serve um café que o mundo acabou”.

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